EDUCAÇÃO NA PANDEMIA

Retorno das aulas presenciais é rejeitado por mais de 90% dos prefeitos gaúchos

O resultado está de acordo com o que pensa a comunidade escolar, que é contrária ao retorno em meio ao pico da pandemia

Brasil de Fato | Porto Alegre |

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Volta as aulas estavam previstas inicialmente para o dia 8 de setembro, mas abertura que leva em conta mortes ou internações não chegou a porcentagem prevista. - Reprodução

Uma pesquisa realizada pela Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) mostra que 93,75% dos prefeitos gaúchos rejeitam o calendário de volta às aulas presenciais apresentado pelo governo Eduardo Leite (PSDB). O resultado está de acordo com o que pensa a comunidade escolar, que é contrária ao retorno em meio ao pico da pandemia no estado.

O plano do governo prevê a reabertura das escolas no dia 31 de agosto, com o retorno dos estudantes do Ensino Infantil. Na proposta, retornariam em setembro os ensinos Superior, Médio e Fundamental II, enquanto os anos iniciais do Ensino Fundamental voltariam às aulas presenciais em outubro.

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A pesquisa foi respondida por 367 dos 497 prefeitos do RS. Entre os que reprovaram a proposta, 38,6% afirmaram que as aulas devem ser retomadas a partir da vacina, 35,1% defendem que o retorno deve se dar com a diminuição dos casos e 24,7% defendem que a volta ocorra apenas em 2021.

O presidente da Famurs e prefeito de Taquari, Maneco Hassen, afirmou que, diante do relato dos prefeitos na última reunião com as associações regionais, era esperada a rejeição da proposta, mas o índice surpreendeu. “Nossa principal preocupação é garantir a segurança de alunos e professores”, ponderou.

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Para 93,43%, o maior problema é o risco para alunos(as) e servidores(as). O transporte também foi apontado por 54,5% como um empecilho. Somente 5,72% concordam que os primeiros a voltar sejam as crianças da Educação Infantil, como propõe Leite.

Os números da pesquisa vão ao encontro da percepção da comunidade escolar da rede estadual, conforme dados preliminares de pesquisa realizada pelo Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul (CPERS) e divulgada na última semana.

Para 86% dos educadores(as), mães, pais e responsáveis, a vacina é pré-requisito para volta às aulas presenciais. Mais de 90% das equipes diretivas que responderam a consulta afirmaram que as escolas não têm recursos, equipamentos ou condições para retomar as atividades.

Confira os dados apresentados pela Famurs

Você acha que as aulas devem retornar conforme o calendário proposto pelo governo do RS?

Não – 93,73%

Sim – 6,27%

Se respondeu não, quando deve se dar o retorno às aulas?

A partir da vacina – 38,66%

A partir da diminuição dos casos – 35,17%

Apenas em 2021 – 24,71%

Não responderam – 1,45%

Quais os principais problemas para o retorno das aulas no seu município?

Transportes – 54,50%

Falta de EPIs – 33,79%

Falta/contratação de servidores – 47,14%

Elevado número de casos – 29,97%

Risco para os alunos e servidores – 93,46%

Quando retornarem as aulas, o que deve iniciar primeiro?

Educação infantil – 5,72%

Ensino superior – 57,22%

Ensino médio e técnico – 17,17%

Anos finais – ensino fundamental – 15,80%

Anos iniciais – ensino fundamental – 3,81%

Não responderam – 0,27%

Sobre a educação privada e pública:

Devem voltar separadas – 13,62%

Devem voltar ao mesmo tempo – 86,38%

* Com informações da Famurs e do CPERS

Fonte: BdF Rio Grande do Sul

Edição: Leandro Melito e Marcelo Ferreira