Coluna

Mãos maravilhosas

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Ouça o áudio:

"Para, para... Essa mão horrorosa não aparece no meu filme", gritou o italiano. A mão do modelo era feia. O que fazer? - Unsplash
Na hora que o italiano pegou sua mão e olhou, arregalou os olhos e falou: "Divina! Divina!"

Todos nós sabemos que publicidade tem a função de nos convencer a comprar determinados produtos. E para isso, às vezes, os autores delas apelam para o vale-tudo. Nem sempre, claro. Existem publicitários bem éticos.

Mas lembram-se quando publicidades de cigarros nos mostravam cenas de aventuras, mulheres bonitas e tudo mais, como se quem fumasse uma determinada marca virasse protagonista disso tudo?

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Eu implico demais é com publicidade infantil. Vi muitas crianças influenciadas pela publicidade se sentindo muito infelizes porque seus pais não podiam comprar os produtos que apareciam como maravilhas, na televisão. E vi também crianças que participaram de filmes publicitários se tornarem metidas a estrelas, metidas a bestas mesmo, chatíssimas.

Felizmente isso passou a ser controlado.

Mas o que quero contar aqui, é a história do Tôni, um cara que nunca pôs a cara na telinha da televisão, mas foi estrela de verdade de filmes publicitários. Quer dizer, só uma parte dele era estrela.

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Tudo começou com uma agência que contratou um italiano considerado gênio da publicidade para vir aqui e fazer filmes sobre um vinho para anúncio na TV. O cara exigiu uma modelo lindíssima e um modelo lindíssimo também.

Estava filmando tudo, cenas de muito romantismo, chegou a hora do brinde e a câmera se aproximou das mãos dos modelos, com seus cálices de cristal. O italiano deu um pulo e mandou parar:

- Para, para... Essa mão horrorosa não aparece no meu filme.

A mão do modelo era feia. O que fazer? Bom... O rosto ia ser do modelo bonitão mesmo, mas na hora do brinde, a mão não podia ser a dele. Queria uma mão igualmente ma-ra-vi-lho-sa...

A Agência de Publicidade chamou todos os modelos da sua lista, fez-se uma fila em frente ao italiano, que olhava a mão de cada um e xingava. Achava todas horríveis. O pessoal da Agência começou a entrar em desespero e a telefonar para amigos que nem eram modelos, e o Tôni foi chamado também.

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Na hora que o italiano pegou sua mão e olhou, arregalou os olhos e falou:

- Divina! Divina!

Assim a mão do Tôni virou estrela de TV. Quando terminou a gravação daquela cena, já tinha mais quatro contratos. Quer dizer, contratos para as mãos dele. O rosto continuou inédito!

 

*Mouzar Benedito é escritor, geógrafo e contador de causos. Leia outros textos

**Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Edição: Douglas Matos