Coluna

O 7 de Setembro da família tradicional

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Bolsonaro no 7 de Setembro no Rio de Janeiro - Ivan Pacheco / AFP
O voto útil contra Bolsonaro não é um alarmismo barato, é uma necessidade

Os atos do Bolsonaro de ontem foram grandes? Foram numerosos? Sim! Mas normal para um candidato que é segundo colocado nas intenções de voto das pesquisas, levando 30% dos eleitores do país com ele e que hoje ocupa a cadeira de presidente do Brasil.

É claro que as expectativas de muita gente era ver Bolsonaro se destemperar, atacar as instituições e repetir o roteiro do ano passado, não foi o que aconteceu, infelizmente, mas também não foi bom. O motivo? Terminou no empate.

Bolsonaro precisava mostrar “força” ou então poderia ser abandonado em palanques regionais, caso estes entendam que o presidente não é competitivo. 

A última pesquisa Ipec mostra que Lula abriu uma vantagem larguíssima de 16% contra Bolsonaro nas capitais e cidades com população acima dos 500 mil habitantes, ou seja, Bolsonaro está perdendo em cidades com muitos eleitores. Caso Bolsonaro perca o “entusiasmo” dos seus palanques regionais, a coisa pode ficar ainda mais crítica, principalmente no interior dos estados, onde as campanhas regionais naturalmente fazem a ponte com os candidatos para o governo federal.

Por outro lado, se os atos se tornassem verdadeiras intentonas, as coisas também ficariam difíceis. Hoje todas as pesquisas mostram que Bolsonaro não consegue ampliar o seu eleitorado no segundo turno, ficando preso na casa dos 30% enquanto Lula faz mais de 50%.

Para a sorte do presidente, ele conseguiu empolgar a militância, produzir alguns ‘takes’ para a campanha e cumprir o objetivo de demonstrar força. Seus discursos também tiveram esse efeito, aliás, eles só dialogaram com quem já é o seu eleitor e é aí que mora o problema.

Embora a campanha bolsonarista tenha comemorado esse fato, acontece que essa é uma visão otimista, faltando 25 dias para o primeiro turno, perder um dia inteiro para terminar no 0 x 0 é um luxo que quem está em segundo lugar nas pesquisas não tem.

Vale lembrar também que Bolsonaro, que apostou todas as suas fichas nos R$ 200 do auxílio e em diversas medidas econômicas e que está perdendo - e muito - entre os eleitores que recebem até 2 salários-mínimos e no discurso de ontem ele sequer falou sobre isso, mencionou brevemente o auxílio Brasil, mas o que ficou marcado?

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“Imbrochável” e comparações entre as aparências da sua esposa e as dos demais candidatos.

Agora, se há algum ponto de atenção nessas micaretas da extrema-direita, talvez seja o discurso involuntário do presidente em prol do voto útil contra ele próprio!

Durante o discurso em Brasília, ele disse que a sua reeleição seria uma espécie de chancela para enquadrar todos aqueles que - segundo a visão dele - estariam fora das 4 linhas dele.

São coisas assim que mostram que o voto útil contra Bolsonaro não é um alarmismo barato, é uma necessidade.

“Pode ter certeza, é obrigação de todos jogarem dentro das 4 linhas da Constituição. Com uma reeleição nós traremos para dentro dessas 4 linhas todos aqueles que ousam ficar fora dela.”

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Também vale pontuar o vexame internacional já que Bolsonaro colocou o VÉIO DA HAVAN entre ele e o presidente de Portugal, o mesmo presidente que Bolsonaro cancelou um encontro após ele se encontrar com Lula.

Além disso, fica também a cena digna de uma esquete de Hermes e Renato com Bolsonaro conclamando as glórias do seu próprio pênis.

Imagine a família tradicional brasileira, acordando na manhã do feriado e tomando café, vendo TV todos juntos e apreciando o presidente da República gritando as glórias de sua capacidade de ainda poder ter ereções!

Começamos com o coração do Dom Pedro para terminar no pênis de Jair Bolsonaro.

Esse é o Brasil da família tradicional!

Edição: Glauco Faria