20 de agosto

MP da Guatemala move 13 processos contra órgão eleitoral e tenta travar segundo turno

Duas candidaturas de centro-esquerda disputam o poder; TSE denunciou ações ‘intimidatórias’

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Integrantes do principal organismo eleitoral da Guatemala reclamaram pelo 13 processos movidos pelo Ministério Público contra a entidade - Reprodução

Em entrevista para meios locais nesta terça-feira (01/08), a presidente do Tribunal Supremo Eleitoral da Guatemala (TSE), a juíza Irma Palencia, reclamou que o organismo vem sofrendo com uma postura “intimidatória” por parte do Ministério Público, devido a 13 diferentes investigações iniciadas nas últimas semanas, justamente quando se desenvolve a campanha pelo segundo turno das eleições presidenciais no país.

Segundo a magistrada, os processos impulsionados pelo Ministério Público revelam uma “força desproporcionada, intimidatória e excessiva” contra a instituição que ela comanda.

“Estamos muito preocupados, porque o TSE temos que lidar com uma grande logística, que coordena mais de meio milhão de pessoas, e ter que lidar com essa quantidade de casos justamente em meio a uma reta final de campanha interrompe as nossas atividades, que por si só são altamente exigentes”, lamentou Palencia.

Perguntada sobre a possibilidade de haver interesses políticos por trás desses processos todos, a juíza disse que “seria muito irresponsável da minha parte falar sobre algo que não conheço, mas que isso atrapalha o evento eleitoral, é claro que atrapalha”.

O segundo turno das eleições na Guatemala está marcado para o dia 20 de agosto. Caso as pressões contra o órgão eleitoral não alterem o cenário atual, a disputa será entre duas candidaturas de centro-esquerda: a de Sandra Torres, do partido Unidade Nacional pela Esperança (UNE), partido mais identificado com o trabalhismo e os movimentos sindicais, que obteve 21,1% dos votos no primeiro turno, em 25 de junho, e Bernardo Arévalo, do Movimento Semente, legenda de discurso mais ambientalista, que alcançou 15,5% das preferências.

Antes dos processos contra o TSE, o segundo turno eleitoral foi questionado na Corte Constitucional e na Corte Suprema de Justiça (CSJ), em ações movidas por diferentes partidos de direita, mas principalmente pelo Vamos, legenda liderada pelo atual presidente da Guatemala, Alejandro Giammattei, e cujo candidato, Manuel Conde, ficou em terceiro lugar no primeiro turno, com 10,4% dos votos.

Algumas dessas ações movidas pelo Vamos visaram desqualificar o Movimento Semente. Caso o partido ambientalista tenha sua candidatura cassada, Conde tomaria o seu lugar na disputa do segundo turno.