Venezuela

Oposição e chavismo realizam manifestações neste sábado (27)

Chavistas saem às ruas em apoio à Constituinte; oposição se manifesta a dez anos da não renovação do contrato da RCTV

Brasil de Fato | Caracas (Venezuela) |
Chavistas fazem campanha pela Assembleia Nacional Constituinte.
Chavistas fazem campanha pela Assembleia Nacional Constituinte. - Agência Venezuelana de Notícias

Neste sábado a oposição realiza mais uma marcha que sai do popular bairro de Petare e termina na região leste de Caracas, no bairro de Las Mercedes, área nobre da cidade. A concentração foi ao meio dia (13h de Brasília). Desde o último sábado (20), quando a reportagem do Brasil de Fato chegou à Caracas, este é o quinto protesto na capital do país. Em todos houve confrontos com as forças de segurança. O Jornal Ciudad Caracas afirmou que nos protestos de ontem (26) um ônibus de passageiros foi incendiado por manifestantes no Bairro de Altamira, também no leste da cidade.

Chamado de Mobilização pelo Direito a Liberdade de Expressão, o protesto lembra os 10 anos da não renovação da concessão para uso do espectro rádio-elétrico do canal Rádio Caracas de Televisão (RCTV), que era o mais antigo da televisão aberta no país. 

Já os chavistas, também neste sábado, fazem campanha pela Assembleia Nacional Constituinte. Na Praça da Resistência Indígena, comunidades indígenas realizam uma concentração e trabalhadores da PDVSA (Petróleos de Venezuela) realizaram pela manhã um ato em frente a uma unidade da empresa, no Estado Miranda, também em apoio ao processo constitucional. Ontem, o vice-presidente Aristóbulo Istúriz e o deputado nacional Diosdado Cabello realizaram um grande ato no Estado Portuguesa. 

Concessão não renovada 

Em 28 de março de 2007, o então presidente Hugo Chávez decidiu não renovar a concessão do canal RCTV, o que foi considerado pela oposição como cerceamento da liberdade de expressão e de imprensa. Na época, o presidente Chávez afirmou que a medida foi tomada pelo papel desempenhado pelo canal no golpe de estado de 2002, quando o presidente foi retirado do poder por 72 horas, e voltou graças aos imensos protestos populares que cercaram o Palácio de Miraflores e, praticamente, fizeram com que os golpistas desistissem da intentona.

A história do golpe é contada no documentário "A revolução não será transmitida", dos cineastas Kim Bartley e Donnacha O’Briain. Eles gravavam a rotina de Chávez no exato momento do golpe e puderam registrar cenas do presidente minutos antes de ser detido, cenas do povo nas ruas descendo dos bairros, da reviravolta e do exato momento em que os golpistas eram presos no Palácio de Miraflores.

Hoje o canal da RCTV é usado pela Televisora Venezoelana Social (Teves), canal estatal de cultura e esportes. 

Edição: Mauro Ramos