Venezuela

Artigo | Maduro acusa Colômbia de preparar ataque à Venezuela neste final de ano

Presidente venezuelano discursou na Cerimônia de Saudação da Força Armada Nacional Bolivariana (FANB)

Brasil de Fato | Caracas (Venezuela) |
Chefe de Estado da Venezuela afirmou que mercenários estão sendo financiados pelo presidente da Colômbia, Iván Duque - Prensa Presidencial

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, denunciou nesta segunda (28), durante a Cerimônia de Saudação 2020 da Força Armada Nacional Bolivariana (FANB), que estão sendo preparados na Colômbia ataques de mercenários contra unidades militares no país no final deste ano. O chefe de Estado disse ainda que os mercenários estão sendo financiados pelo presidente da Colômbia, Iván Duque.

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É importante recordar que no último dia 10 de dezembro, Iván Duque recebeu na Casa da Nariño o líder opositor de extrema direita Leopoldo López, que hoje vive na Espanha. Na sua visita ao país vizinho, Leopoldo López, além de ser recebido pelo presdiente, também foi para Cúcuta, cidade que faz fronteira com território venezuelano.

Assista ao vídeo com a denúncia (em espanhol):

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Nicolás Maduro iniciou seu discurso destacando:

A Venezuela têm, graças a Deus, graças ao exemplo imortal de Bolívar e dos libertadores e graças a tarefa fundacional e de refundação de nosso comandante infinito Hugo Chávez, Venezuela tem uma Força Armada Nacional Bolivariana bem plantada, mais forte que nunca, mais única que nunca, com uma sólida doutrina bolivariana, revolucionária, anti-oligárquica, anti-imperialista, profundamente bolivariana e chavista. 

O presidente recordou a fracassada operação mercenária do dia 03 de maio deste ano, exaltou o trabalho realizado em defesa da nação pelas forças armadas e declarou que durante o ano de 2020, “se executou a união cívico-militar no país para a defesa da Pátria”.

Ao parabenizar o trabalho desempenhado pelas forças armadas e corpos de segurança de todo país nas eleições legislativas do último dia 6 de dezembro, ele afirmou:

Recentemente, no último dia 6 de dezembro, domingo deste ano, Venezuela elegeu com seu voto o parlamento nacional, como manda a Constituição. Só o povo, com seu voto, põe e tira, só o povo com seu voto, configura as instituições de eleição popular, chama-se prefeitos, vereadores, governadores, governadoras, Conselho Legislativo, Assembleia Nacional, Presidência da República, aqui em Venezuela quem elegem e manda com seu voto é o povo, e o povo elegeu uma nova Assembleia Nacional, que se instala no próximo 5 de janeiro.

Exercícios militares

Maduro destacou o sucesso de todos os exercícios militares realizados em 2020 e informou que o "Escudo Bolivariano" de defesa do país pode ser executado a qualquer momento e de forma surpresa.

O presidente disse ainda que este ano se criaram e ativaram cinco Batalhões de Infantaria Reforçados (BIR), e afirmou que essa é a linha a ser seguida: criar unidades de armas combinadas para fazer uma defesa correta da nação, adaptada a qualquer ameaça contra o país.

Já foram criadas e ativadas seis unidades táticas. Maduro explicou que essas unidades se encontram em zonas onde a presença da Força Armada Nacional Bolivariana era limitada, e têm como objetivo dar resposta efetiva a situações que possam ocorrer de ordem interna e ameaças contra à segurança nacional. Para o presidente, é preciso desenvolver esse novo modelo organizativo e levá-lo à perfeição para chegar a uma doutrina de fortificação.

Em 2020, também foi criado o Conselho Cientifico Militar e Tecnológico da Força Armada Nacional Bolivariana. O objetivo desse conselho é avançar e procurar a independência total no uso do sistema de armas, também no conserto e na manutenção de todos os sistemas de armas em Venezuela, com o apoio de aliados como Rússia, China, Bielorrússia e Irã. O presidente fez questão de destacar que o país vai manter a independência absoluta na execução, na reparação e na manutenção do sistema de armas.

Ameaças à vida e à Constituição

Maduro mandou um recado contundente a Juan Guaidó. O autoproclamado presidente interino do país recentemente aprovou na sua Assembleia Nacional um estatuto de transição que pretende estender o seu mandato que já não existe, pois no próximo dia 5 de janeiro se instala uma nova Assembleia Nacional.

Fazendo referência a esse evento, o presidente Nicolás Maduro disse que se pretendem “usurpar uma autoridade que somente lhe entrega o povo, e de maneira temporária. Nossa Constituição diz que todo poder é temporário”. Ainda sobre isso, Maduro disse que confia na Justiça, frente essa pretensão inconstitucional de autoproclamar a extensão de mandato. O chefe de Estado pediu que se cumpra a lei se faça justiça.

Sobre a pandemia do covid-19, afirmou avaliar ampliar a quarentena para o início do ano de 2021. A Venezuela vinha utilizando o método "7+7", com sete dias de quarentena e sete dias de flexibilização. O chefe de Estado não descartou retomar o ano de 2021 com 14 dias de quarentena radical, com o objetivo de cortar as cadeias de transmissão do vírus. O anúncio será dado nos próximos dias. Enquanto isso, Maduro pede para a população manter os cuidados sanitários nas festividades de fim de ano.

Edição: Rodrigo Durão Coelho