Luta popular

"Podem cortar a flor, mas não deterão a primavera", afirma Nobel da Paz sobre Lula

Ganhador do Nobel da Paz de 1980, ativista argentino palestrou na UnB, em Brasília, sobre “educação e democracia”

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Argentino Adolfo Esquivel ministrando aula pública na UnB, em Brasília (DF), na companhia de parceiros dos segmentos populares
Argentino Adolfo Esquivel ministrando aula pública na UnB, em Brasília (DF), na companhia de parceiros dos segmentos populares - Gabriela Brito/Adunb

Em aula pública realizada na Universidade de Brasília (UnB) na noite desta terça-feira (14), o ativista argentino Adolfo Esquivel, ganhador do Nobel da Paz de 1980, reforçou a defesa pela libertação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que está preso em Curitiba (PR) há mais de 100 dias.

Em evento organizado pela Frente Brasil Popular (FBP) em parceria com a União Nacional dos Estudantes (UNE) e a Associação dos Docentes da UnB (Adunb), ele ministrou uma palestra para a comunidade acadêmica sobre educação e democracia no século XXI.

Esquivel está na capital federal esta semana para participar das atividades dos movimentos populares em defesa da soltura e da candidatura de Lula à Presidência da República.

O tema da prisão do ex-presidente permeou todo o debate na UnB. No auditório onde ocorreu o evento, ele foi recebido pelo público aos gritos de “Lula Livre”.

Na ocasião, o ativista destacou o caráter político da prisão do petista e disse que o ex-presidente enfrenta uma perseguição porque seu histórico como chefe de Estado seria um incômodo a forças tradicionalmente hegemônicas e neoliberais.

“Podem até cortar a flor, mas nunca poderão deter a primavera. Isso é o que se passa com Lula”, afirmou, citando o poeta chileno Pablo Neruda e fazendo referência ao movimento popular em defesa do ex-presidente.

Esquivel também frisou, mais uma vez, que o atual contexto político brasileiro se relaciona com a conjuntura de outros países da América Latina. “Estão criminalizando todos os governos progressistas”, destacou.

O argentino defendeu ainda a luta contra as privatizações e a importância do engajamento da sociedade para atuar junto aos governos.

“Não creio em democracias delegativas, em que passamos todo o poder a quem está nele. Quando se passa isso, o povo fica sem poder e não sabe o que fazer. Temos que construir a democracia participativa, em que o povo tenha a capacidade de revogar os mandatos e trocar também o Poder Judiciário, para que este esteja a serviço da justiça e do povo, e não das grandes corporações econômicas”, argumentou.

A valorização da educação foi outro ponto de destaque na palestra. Para o ativista, a universidade precisa operar em função do incentivo ao desenvolvimento intelectual e à participação cidadã das pessoas.

“Nós lutamos para sermos homens e mulheres livres, e a universidade tem também esse dever de gerar uma consciência crítica e promover os valores para a liberdade”, completou.

Ao abordar as perspectivas para o futuro, Esquivel ressaltou a importância da esperança como motor da luta popular e reforçou a solidariedade ao povo brasileiro diante do contexto de avanço conservador e neoliberal.

“Estamos aqui para compartilhar lutas, mas também esperanças, porque há uma grande força nos povos, e creio que, com isso, vamos chegar à liberdade de Lula e vamos construir a pátria grande”, finalizou, em referência à união latina.

Agenda

Na terça pela manhã, o argentino participou ainda de um ato inter-religioso em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF). O protesto tinha o objetivo de pressionar a Corte para julgar a ação do PCdoB que questiona a legalidade da prisão após condenação em segunda instância, além de prestar apoio aos sete militantes de movimentos populares que estão em greve de fome há 15 dias.  

À tarde, Esquivel se encontrou com a presidente do STF, Cármen Lúcia, ocasião em que reforçou o pedido para que a ministra receba os grevistas para uma audiência.

Já nesta quarta-feira (15), são esperadas mais de 30 mil pessoas em frente ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em Brasília, para registrar o nome de Lula como um dos concorrentes à Presidência da República nas eleições de outubro.

Edição: Luiz Felipe Albuquerque