Amazonas

Militantes repudiam invasão da polícia em reunião que preparava ato contra Bolsonaro

“Isso é um crime cometido pelo Estado”, protesta Raimundo Bonfim, da Frente Brasil Popular; MPF instaurou inquérito

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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De acordo com os sindicalistas, os policiais portavam fuzis e disseram que representavam o Exército brasileiro
De acordo com os sindicalistas, os policiais portavam fuzis e disseram que representavam o Exército brasileiro - Foto: Divulgação

Uma reunião do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado do Amazonas (Sinteam) convocada para organizar protestos contra a visita do presidente Jair Bolsonaro (PSL) a Manaus (AM), foi invadida na última terça-feira (23) por três agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Os policiais passaram a questionar os sindicalistas sobre as manifestações contra o capitão reformado, que estará na capital amazonense nesta quinta-feira (25). A Frente Brasil Popular repudiou o acontecimento e disse que o ocorrido remete aos anos de ditadura.

De acordo com os sindicalistas, os policiais portavam fuzis e disseram que representavam o Exército brasileiro. A reunião estava marcada para 17h e os agentes chegaram às 16h30, afirmando que acompanhariam o encontro. Após ser questionado por um dos sindicalistas sobre o gesto “atípico”, um dos federais teria dito aos sindicalistas que "um protesto contra o Bolsonaro é que é atípico".

“Isso é um episódio típico de regime ditatorial. O direito de se organizar e emitir sua opinião está garantido na Constituição Federal. Portanto, o agente representando o Estado não pode adentrar em um sindicato, em uma associação de moradores, clube estudantil, qualquer que seja a organização social, e inquerir as pessoas. Isso é um crime cometido pelo Estado”, afirma Raimundo Bonfim, da Central dos Movimentos Populares e da Frente Brasil Popular.

Em nota, o PT afirmou que “Bolsonaro quer impor o Estado policial” no Brasil. "É simplesmente inaceitável que agentes federais de segurança violem a sede de um sindicato de trabalhadores e interroguem os presentes sobre os preparativos de uma manifestação pacífica e democrática. E que o façam armados em cumprimento de 'ordens do Exército'", protesta o partido. 

Diante da gravidade do fato, o Ministério Público Fdeeral (MPF) anunciou que instaurou um procedimento de apuração. Em nota, o Comando Militar da Amazônia afirmou desconhecer “a realização da suposta reunião, bem como não reconhece qualquer ordem oriunda de suas unidades para tal”.

Bolsonaro irá a Manaus para acompanhar a 28ª Reunião Ordinária do Conselho de Administração (CAS), da Superintendência da Zona Franca de Manaus. De acordo com a agenda do presidente, o ministro da Economia, Paulo Guedes, o acompanhará no evento.

Edição: Daniel Giovanaz