Israel e os palestinos anunciaram um acordo de cessar-fogo, no domingo (7), com mediação do Egito. O documento inclui a promessa de que o governo do presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, trabalharia em prol da libertação de dois altos membros do grupo Jihad Islâmica presos por Tel Aviv. A violência começou no dia 1º de agosto e aumentou desde sexta-feira (5), quando Israel matou Taisir al-Jabari, comandante do grupo do norte de Gaza.
Enquanto aviões israelenses bombardeavam alvos em Gaza, o grupo palestino respondia os ataques com foguetes.
O que teria desatado o conflito seria a detenção, na segunda-feira (1), de dois altos dirigentes da organização Jihad Islâmica na Cisjordânia, Bassem Saadi e Jalil Awawdeh.
O primeiro-ministro israelese, Yair Lapid, disse que Israel alcançou todos os seus objetivos na operação militar e lançou ameaças. "Quem tentar nos prejudicar pagará com a vida", disse nesta segunda-feira, a meios locais.
Em três dias de conflito, 44 palestinos foram mortos, incluindo 15 crianças e quatro mulheres, e 311 ficaram feridos, segundo o Ministério da Saúde da Autoridade Nacional Palestina. A Jihad Islâmica afirmou que 12 dos mortos eram militantes, incluindo dois líderes do grupo: o principal comandante para o sul da Faixa de Gaza, Khaled Mansour e o comandante do norte da região, Taisir al-Jabari.
O governo de Israel disse que algumas das vítimas foram mortas atingidas por foguetes mal disparados pelo próprios palestinos.
Assim como o premiê Lapid, o ministro de Defesa, Benny Gantz manteve o discurso hostil. "No futuro, também, se necessário, Israel lançará ataques preventivos para defender seus cidadãos, sua soberania e sua infraestrutura... de Teerã ou Khan Younis", disse nesta segunda.
O presidente dos EUA, Joe Biden, saudou o cessar-fogo entre Israel e militantes de Gaza. "Durante as últimas 72 horas, os Estados Unidos trabalharam com funcionários de Israel, da Autoridade Palestina, do Egito, do Catar, da Jordânia e outros em toda a região para encorajar uma rápida resolução do conflito", disse no domingo.
O Conselho de Segurança da ONU, sob presidência rotativa da China, incluiu a situação do conflito armado na Faixa de Gaza como tema da pauta de
discussão da reunião desta segunda (8).
Censura brutal en los grandes de comunicación: Esto no es Ucrania, esto es Gaza, Palestina. pic.twitter.com/QpWl1r1AWg
— Palestina Hoy 🇵🇸 (@HoyPalestina) August 8, 2022
A Faixa de Gaza é lar de cerca de 2 milhões de palestinos e há anos sofre com o bloqueio de Israel para o acesso à água potável e abastecimento de alimentos e combustível. Após a recente escalada de violência, a única usina de energia de Gaza fechou por falta de combustível, agravando a crise energética na região no auge do verão, prejudicando em especial os serviços médicos, já precários e sobrecarregados com centenas de feridos pelos bombardeios.
Além dos bombardeios, o governo israelense promoveu desalojamentos forçados nos últimos dias, demolindo a força ao menos sete residências palestinas na região de Gaza.
Segundo levantamentos de organizações de direitos humanos da Palestina, somente em 2022, 400 palestinos já foram detidos e 30 mortos pela ação das forças de segurança israelenses.
Desde que o Hamas ganhou nas urnas o poder em Gaza, em 2006, o governo de Tel Aviv endureceu o bloqueio contra a região, com apoio do vizinho Egito, União Europeia e os EUA, por considerar o grupo "terrorista". O Hamas, no entanto, não se manifestou sobre os ataques contra a Jihad Islâmica, que também atua em Gaza, e tem como braço armado as Brigadas Al-Quds.
O conflito e a trégua também geram impactos na política interna de Israel. A imprensa local israelense aponta que o partido Likud, do ex-premiê Benjamin Netanyahu, poderia obter a maioria no Legislativo, o chamado Knesset, nas eleições de 1º de novembro. Enquanto o Yesh Atid, do atual primeiro-ministro Yair Lapid, ficaria em segundo lugar, elegendo 24 do total 120 parlamentares. Já a coalizão proposta pelo ministro de Defesa, Benny Gantz e o ministro de Justiça, Gideon Saar, ficaria em terceiro lugar com 11 assentos.
* Com informação de DW, WAFA Agency, Haaretz e Telesur
Edição: Rodrigo Durão Coelho