72h de bombardeios

Gaza tem trégua após 3 dias e dezenas de mortos palestinos, incluindo mulheres e crianças

Cessar-fogo foi resolução bilateral; palestinos buscam libertação de líderes do Jihad Islâmica

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Os ataques causaram vítimas somente na Palestina, foram 44 mortos e 311 feridos incluindo 15 crianças - Mahmud Hams /AFP

Israel e os palestinos anunciaram um acordo de cessar-fogo, no domingo (7), com mediação do Egito. O documento inclui a promessa de que o governo do presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, trabalharia em prol da libertação de dois altos membros do grupo Jihad Islâmica presos por Tel Aviv. A violência começou no dia 1º de agosto e aumentou desde sexta-feira (5), quando Israel matou Taisir al-Jabari, comandante do grupo do norte de Gaza.

Enquanto aviões israelenses bombardeavam alvos em Gaza, o grupo palestino respondia os ataques com foguetes.

O que teria desatado o conflito seria a detenção, na segunda-feira (1), de dois altos dirigentes da organização Jihad Islâmica na Cisjordânia, Bassem Saadi e Jalil Awawdeh.

O primeiro-ministro israelese, Yair Lapid, disse que Israel alcançou todos os seus objetivos na operação militar e lançou ameaças. "Quem tentar nos prejudicar pagará com a vida", disse nesta segunda-feira, a meios locais.

Em três dias de conflito, 44 palestinos foram mortos, incluindo 15 crianças e quatro mulheres, e 311 ficaram feridos, segundo o Ministério da Saúde da Autoridade Nacional Palestina. A Jihad Islâmica afirmou que 12 dos mortos eram militantes, incluindo dois líderes do grupo: o principal comandante para o sul da Faixa de Gaza, Khaled Mansour e o comandante do norte da região, Taisir al-Jabari.

O governo de Israel disse que algumas das vítimas foram mortas atingidas por foguetes mal disparados pelo próprios palestinos. 


Nos últimos dias, além de bombardear Gaza, o governo de Israel também promoveu desalojamentos forçados / Mahmud Hams / AFP

Assim como o premiê Lapid, o ministro de Defesa, Benny Gantz manteve o discurso hostil. "No futuro, também, se necessário, Israel lançará ataques preventivos para defender seus cidadãos, sua soberania e sua infraestrutura... de Teerã ou Khan Younis", disse nesta segunda.

O presidente dos EUA, Joe Biden, saudou o cessar-fogo entre Israel e militantes de Gaza. "Durante as últimas 72 horas, os Estados Unidos trabalharam com funcionários de Israel, da Autoridade Palestina, do Egito, do Catar, da Jordânia e outros em toda a região para encorajar uma rápida resolução do conflito", disse no domingo.

O Conselho de Segurança da ONU, sob presidência rotativa da China, incluiu a situação do conflito armado na Faixa de Gaza como tema da pauta de
discussão da reunião desta segunda (8).

Vídeos publicados em redes sociais denunciam bombardeios de Israel na Faixa de Gaza
 

A Faixa de Gaza é lar de cerca de 2 milhões de palestinos e há anos sofre com o bloqueio de Israel para o acesso à água potável e abastecimento de alimentos e combustível. Após a recente escalada de violência, a única usina de energia de Gaza fechou por falta de combustível, agravando a crise energética na região no auge do verão, prejudicando em especial os serviços médicos, já precários e sobrecarregados com centenas de feridos pelos bombardeios.

Além dos bombardeios, o governo israelense promoveu desalojamentos forçados nos últimos dias, demolindo a força ao menos sete residências palestinas na região de Gaza. 

Segundo levantamentos de organizações de direitos humanos da Palestina, somente em 2022, 400 palestinos já foram detidos e 30 mortos pela ação das forças de segurança israelenses.

Desde que o Hamas ganhou nas urnas o poder em Gaza, em 2006, o governo de Tel Aviv endureceu o bloqueio contra a região, com apoio do vizinho Egito, União Europeia e os EUA, por considerar o grupo "terrorista". O Hamas, no entanto, não se manifestou sobre os ataques contra a Jihad Islâmica, que também atua em Gaza, e tem como braço armado as Brigadas Al-Quds.

O conflito e a trégua também geram impactos na política interna de Israel. A imprensa local israelense aponta que o partido Likud, do ex-premiê Benjamin Netanyahu, poderia obter a maioria no Legislativo, o chamado Knesset, nas eleições de 1º de novembro. Enquanto o Yesh Atid, do atual primeiro-ministro Yair Lapid, ficaria em segundo lugar, elegendo 24 do total 120 parlamentares. Já a coalizão proposta pelo ministro de Defesa, Benny Gantz e o ministro de Justiça, Gideon Saar, ficaria em terceiro lugar com 11 assentos.


* Com informação de DW, WAFA Agency, Haaretz e Telesur

Edição: Rodrigo Durão Coelho