PANOS QUENTES?

Família de jornalista palestina morta por Israel se reúne com secretário de Estado dos EUA

Biden recusou encontro com familiares da vítima; parentes de Abu Akleh exigem ‘responsabilização’ após 2 meses do crime

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Familiares a jornalista palestina assassinada em um operação do exército de Israel se reuniram com o secretário de Estado dos EUA, em Washington, na última terça-feira (27) - Departamento de Estado dos EUA

A família da jornalista palestina Shireen Abu Akleh, morta por um tiro disparado pelas forças de segurança de Israel em maio deste ano, encontrou com o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, na terça-feira (26) para solicitar uma investigação “completa, confiável, independente e transparente" sobre o assassinato da repórter.

De acordo com a emissora Al Jazeera, para quem Abu Akleh trabalhava cobrindo a região da Palestina ocupada, os familiares da vítima foram até Washington “renovar exigências de responsabilização pelo assassinato”.

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Sobre o encontro com Blinken, Lina Abu Akleh, sobrinha da jornalista assassinada, afirmou que “embora ele tenha assumido alguns compromissos sobre o assassinato de Shireen, ainda estamos esperando para ver se a administração vai responder de forma significativa aos nossos pedidos de justiça”. 

Ela acrescentou ainda que o funcionário norte-americano “comprometeu-se com transparência” em relação ao caso. “Esperamos ser consultados e atualizados a cada passo do caminho”, completou a familiar.

Durante a reunião, os familiares de Abu Akleh também falaram a respeito da “importância de um encontro com o presidente Biden”. 
 

“Uma reunião com ele demonstrará à nossa família que o caso de Shireen é uma prioridade para esta administração. Como ele não se reuniu conosco em Jerusalém, viemos até Washington. Precisamos que ele tenha notícias nossas diretamente”, completou Lina. 

Em comunicado divulgado no jornal norte-americano Politico, a família de Abu Akleh declarou que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, não aceitou o pedido de encontro quando viajava para Israel e a Cisjordânia ocupada no início de julho. A família da repórter também enviou diversas cartas a funcionários do governo Biden desde que ocorreu o assassinato.

Além disso, a família menciona que uma declaração do Departamento de Estado dos EUA sobre o caso “foi uma afronta à justiça e permitiu que Israel evitasse a responsabilidade pelo assassinato de Shireen”. 

De acordo com informações da Al Jazeera, em 4 de julho, o órgão norte-americano declarou que a bala responsável por atingir Abu Akleh “provavelmente veio de uma posição do exército de Israel” de forma não intencional e que a morte da jornalista foi o resultado de circunstâncias trágicas. 

“Se permitirmos que o assassinato de Shireen seja varrido para debaixo do tapete, enviamos uma mensagem de que a vida dos palestinos que vivem sob ocupação israelense não importa, e que os jornalistas mais corajosos do mundo, aqueles que cobrem o impacto humano do conflito armado e da violência, são dispensáveis”, protestou a família.