O presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou em videoconferência nesta quinta-feira (02/03) com o líder ucraniano Volodimir Zelenski, que o convidou para uma visita a Kiev.
Lula renovou sua proposta em torno da criação de um grupo de países neutros para intermediarem negociações de paz entre a Ucrânia e a Rússia, no conflito que já dura mais de um ano.
"Reafirmei o desejo do Brasil de conversar com outros países e participar de qualquer iniciativa em torno da construção da paz e do diálogo. A guerra não pode interessar a ninguém", escreveu Lula, após a conversa.
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Zelensky disse que reafirmou o convite feito na semana passada para que Lula visitasse a Ucrânia, e agradeceu o brasileiro pelo apoio à resolução aprovada por ampla maioria na ONU que condenou a invasão russa na Ucrânia e exigiu a retirada imediata das tropas russas.
"Destacamos a importância de mantermos os princípios da soberania e integridade territorial dos Estados. Também discutimos esforços diplomáticos para trazer de volta a paz para a Ucrânia e para o mundo", escreveu o ucraniano no Twitter.
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Nas últimas semanas, Lula conversou com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e com o chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, sobre a ideia de criar um chamado "clube da paz", mas ambos não demonstraram entusiasmo pela proposta. Os dois países são os maiores fornecedores de armamentos para Kiev.
I had a phone call with President of 🇧🇷 @LulaOficial. Thanked for supporting our @UN resolution. We highlighted importance of upholding the principle of sovereignty & territorial integrity of states. We also discussed diplomatic efforts to bring peace back to 🇺🇦 and the world.
— Володимир Зеленський (@ZelenskyyUa) March 2, 2023
Putin "entende" posição do Brasil
A Rússia, no entanto, disse ver com bons olhos a proposta. O vice-ministro russo do Exterior, Mikhail Galuzi, elogiou o governo brasileiro por não "sucumbir à pressão" das potências ocidentais e se recusar a enviar armas para a Ucrânia.
O governo brasileiro mantém sua posição de não tomar um lado na guerra, embora Lula tenha condenado publicamente a Rússia pelas agressões na Ucrânia. A avaliação é que a atitude conciliadora do Brasil pode dar ao país um papel de liderança nas futuras negociações de paz.
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Em um encontro às margens da reunião dos ministros do Exterior do G20, em Nova Déli, o russo Serguei Lavrov sinalizou ao seu homólogo brasileiro Mauro Vieira que Putin compreende o posicionamento brasileiro em relação ao conflito.