Estudantes de universidades particulares de São Paulo estão lançando campanhas virtuais para pressionar pela redução das mensalidades durante a pandemia. Há pelo menos um mês diversas instituições adotaram estratégias de ensino a distância (EAD), mas continuam cobrando pelo valor do curso presencial.
Os alunos exigem que a redução de custos em função da utilização das ferramentas online seja repassados pelas instituições. Eles também reclamam da queda na qualidade do ensino, o que também justificaria a redução nas mensalidades.
Enquanto as universidades ampliam suas margens de lucro, muitas das famílias dos estudantes enfrentam queda brusca nos seus rendimentos e, até mesmo, o desemprego, em função da crise econômica decorrente da pandemia.
A primeira mobilização surgiu entre os alunos da Universidade Presbiteriana Mackenzie. No Instagram, estudantes, familiares e amigos têm publicado fotos com a hashtag #ReduzMackenzie, para pressionar a instituição.
Segundo Beatriz Lima, estudante de Direito e uma das mobilizadoras da ação no Mackenzie, em vez da redução nas mensalidades, a instituição ofereceu apenas um refinanciamento. A medida, segundo ela, é insuficiente e deve levar a um endividamento das famílias dos alunos no médio prazo.
“Vai chegar um momento em que as famílias vão pagar uma mensalidade inteira, mais as parcelas. Isso vai virar uma bola de neve. Não é a melhor saída, e a gente vai continuar lutando por uma redução justa”, afirmou a estudante.
Viralizando
A exemplo dos mackenzistas, alunos de outras instituições particulares – como a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Universidade São Judas Tadeu, Universidade Paulista (Unip) e Universidade do Vale do Paraíba (Univap) – que enfrentam condições semelhantes também se mobilizam pela redução dos valores cobrados.
Também há denuncias de que as universidades estariam protelando o trancamento das matrículas até o vencimento da próxima mensalidade. É o caso de Johnny Nogueira, estudante de Logística na Universidade Nove de Julho (Uninove), que já atuava na área, mas ficou desempregado. Segundo ele, a solicitação de suspensão do curso, realizada no último dia 20, foi ignorada pela instituição. “O mês virou e eles estão me cobrando de novo”, reclama.
Ação
A União Estadual dos Estudantes de São Paulo (UEE-SP) ingressou com ação civil coletiva para garantir, na Justiça, a redução de 33,3% nos valores das mensalidades, enquanto o ensino presencial estiver suspenso. Também reivindicam o trancamento do curso no meio do semestre, sem a cobrança de taxas ou multas, e que os inadimplentes não sejam impedidos de realizarem suas matrículas no próximo período letivo, entre outras exigências.
O presidente da UEE-SP, Caio Yuji, espera que os movimentos espontâneos dos estudantes sirvam para pressionar por uma decisão favorável na Justiça. Segundo ele, a queda da qualidade das aulas, em função da aplicação do EAD, é o ponto mais crítico. “Durante a pandemia, houve um aprofundamento das desigualdades na qualidade do ensino. Não tem como pagar a mesma mensalidade num curso online. A gente não está pedindo nada absurdo.”