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Zema veta ampliação da reserva Estação Ecológica de Fechos na região metropolitana de Belo Horizonte

Decisão do governador pode impactar rios que abastecem pelo menos 200 mil moradores da região

Belo Horizonte (MG) | Brasil de Fato MG |
Foto próxima do rosto de Romeu Zema
Na justificativa do veto, Romeu Zema (Partido Novo) citou "potencial econômico" da estação ecológica - Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Romeu Zema (Partido Novo) vetou todo o texto da Proposição de Lei 25.628, que busca expandir a Estação Ecológica de Fechos, localizada em Nova Lima, Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). A decisão do governador de Minas Gerais foi publicada no último sábado (13). O veto ainda pode ser revertido pelos parlamentares. 

Aprovada por unanimidade na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), a proposta tinha o objetivo de acrescentar à área protegida mais 222 hectares, sendo 62,7 de florestas e 145,9 de campos de transição entre Cerrado e Mata Atlântica, além de quatro nascentes. 

Popularmente conhecida apenas como Fechos, a estação possui 602 hectares, com espécies de Mata Atlântica e Cerrado, 15 nascentes e uma rica biodiversidade de fauna e flora. A área é responsável por aproximadamente 70% da água da Estação de Tratamento de Água (ETA) Morro Redondo, que abastece a região.

A justificativa de Zema

O governador afirmou que parte do território que seria protegido com a expansão de Fechos possui grande “potencial econômico”. Romeu Zema faz referência aos interesses de empreendimentos minerários que querem explorar a região. 

Em entrevista ao Brasil de Fato MG, o engenheiro florestal e membro do movimento “Fechos, eu cuido”, Paulo Neto, explicou os impactos da não ampliação da estação, que pode prejudicar o acesso à água de mais de 200 mil moradores da RMBH.

“Se essa área não for contemplada na expansão de Fechos, ela vai ficar à disposição da mineradora, para a Vale minerar”, comenta Paulo Neto.

Mais de uma década de mobilização

Os movimentos pela expansão da Estação Ecológica de Fechos já acontecem há mais de dez anos. Com o início da tramitação do PL 96/2019 na ALMG, a população comemorou a oportunidade de tornar real o sonho da ampliação da área protegida. 

Porém, ainda no ano passado, deputados da base do governo apresentaram um substitutivo ao projeto, modificando a proposta inicial. Entre outras incorporações, incluía a proteção do Córrego do Tamanduá, que também abastece a RMBH e sofre com assoreamento.

Na época, o projeto Manuelzão, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), afirmou que as movimentações contrárias à ampliação da estação são pautadas em um estudo realizado pela Vale, motivado por um "interesse em expandir a Mina Tamanduá, vizinha de Fechos”.

Após pressionar os deputados, moradores dos municípios diretamente impactados pela proposta conseguiram a aprovação do PL em seu texto original. Porém, para entrar em vigor, era necessária a sanção do governador. Com a decisão de Romeu Zema, será formada uma comissão da ALMG para avaliar o veto.

 

Fonte: BdF Minas Gerais

Edição: Elis Almeida