Comunicação

Thássia Alves e Alexandre Padilha derrotam revista Veja na Justiça

O processo foi em razão da fake news "Farsa do SUS", publicada em 2015

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Padilha, Thássia e a filha Melissa, cujo nascimento foi alvo de relato mentiroso da revista semanal
Padilha, Thássia e a filha Melissa, cujo nascimento foi alvo de relato mentiroso da revista semanal - Foto: Paulo Pinto

Em fevereiro de 2015, a revista Veja chamou de “farsa no SUS” o nascimento de Melissa, filha da jornalista Thássia Alves e do ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha, no Hospital Municipal Vila Nova Cachoeirinha, na zona norte paulistana.

A falsa reportagem relatava um processo de "maquiagem” realizado no hospital público, com a suposta colaboração de médicos obstetras e neonatologistas que teriam sido trazidos de outras instituições públicas especialmente para o parto e o cuidado de Melissa na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI).

O casal processou a revista, o repórter Felipe Moura Brasil e a editora Abril por danos morais, e venceu.

A sentença foi publicada no Diário Oficial na última sexta-feira (1), e indica indenização no valor de R$ 10 mil atualizado pela Tabela Prática para Cálculo de Atualização Monetária dos Débitos Judiciais do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo desde a propositura da ação, com juros de mora de 1% ao mês desde a citação, além dos custos judiciais da defesa do casal Padilha.

Vitória do SUS

À época, Thássia havia sido diagnosticada com pré-eclâmpsia, doença que, segundo dados do Ministério da Saúde, é responsável por 13,8% das mortes maternas no Brasil, sendo a principal causa de morte durante a gravidez no país. O parto teve de ser antecipado porque mãe e bebê corriam riscos.

A criança nasceu prematura, com 1,47 kg, e permaneceu 28 dias na UTI Neonatal do Hospital Cachoeirinha para ganhar peso, como é protocolo em qualquer maternidade pública do SUS. Thássia deixou a UTI na manhã seguinte ao parto (13/02), foi para um quarto comum e poucos dias depois já havia recebido alta.

“Essa vitória não é só minha, da minha companheira Thássia e da nossa filha Melissa, mas também é do SUS", comemorou Padilha, à época secretário de Saúde da gestão de Fernando Haddad (PT) como prefeito de São Paulo. "A decisão foi um sustento em tempos tão sombrios, em que as mentiras e ataques preconceituosos de sempre se disfarçam de jornalismo para tentar confundir a sociedade”, concluiu.

“Porque sou jornalista, tenho que acreditar na verdade. Em alguma medida, era isso que eu acreditava. A matéria era completamente sem lógica, muito claramente uma matéria construída com base num boato, que ninguém conseguiu identificar de onde vinha, sem elo com a realidade”, protestou Thássia.

Lutar pela verdade sempre

“Minha reação na hora [que leu a matéria] era: eu quero processar agora. Mas, eu tava com minha filha numa UTI neonatal e o Alexandre recebeu pouco tempo depois o convite para ser secretário de Saúde da gestão Haddad. Minha filha tinha nascido num hospital municipal e aí a gente achou que era melhor esperar que ele não tivesse mais nessa posição, porque queríamos que o processo corresse sem nenhuma sombra de dúvida”, relembra Thássia.

O casal esperou o fim da gestão Haddad para mover a ação, com o objetivo de evitar constrangimentos a quem trabalhava no Hospital Nossa Senhora do Cachoeirinha por conta da posição que Padilha ocupava na prefeitura.

A mãe de Melissa espera contar em breve para sua filha sobre a vitória de seu nascimento e como a mídia tentou envolvê-la numa campanha de difamação. “Vou contar daqui uns anos pra minha filha que a gente precisa ser muito coerente com a nossa história e que a gente tem que brigar pela verdade, sempre. Eu espero que ela entenda o que aconteceu com o nascimento dela, dessa forma”, pontua.

Edição: Diego Sartorato