EDUCAÇÃO

Estudantes ocupam 25 escolas estaduais no Rio de Janeiro

Jovens ocuparam instituições para reivindicar mais qualidade na educação

Rio de Janeiro |
Exemplo de São Paulo inspirou estudantes do Rio de Janeiro a ocuparem escolas
Exemplo de São Paulo inspirou estudantes do Rio de Janeiro a ocuparem escolas - Vitor Vogel / Cuca da UNE

A luta por uma educação de qualidade é antiga. Mas, no Rio de Janeiro, estudantes de escolas públicas encontraram uma nova forma de pressionar o governo do estado e chamar atenção da sociedade para o drama vivido no setor: ocupar a própria escola. Até o último dia 8, eram 25 instituições ocupadas pelos alunos na capital e no interior. Segundo o movimento, novas escolas serão ocupadas nos próximos dias. 

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Do Méier, na zona norte, vem um dos exemplos. O Colégio Estadual Visconde de Cairú está ocupado por seus alunos sede o dia 4 de abril. E eles não estão sozinhos. Professores se revezam para apoiar e ao mesmo tempo aprender com a nova forma de organização dos jovens. Enquanto isso, pais e vizinhos levam até o colégio alimentos para que o movimento continue. “Nossa ocupação é para reivindicar melhores condições de estudo e mais investimentos para a educação”, afirma o estudante do terceiro ano Pablo Miceli, de 18 anos.

Em uma rápida visita à escola, onde estudam 2.300 alunos, não fica difícil entender o que Pablo critica. Ao menos três salas guardam uma infinidade de aparelhos que não estão sendo utilizados: cadeiras, mesas, aparelhos de som, ventiladores, geladeira, ar-condicionado, impressoras, fogão industrial. “Nosso colégio tem 98 anos e os problemas não são novos. Temos uma estrutura comprometida, paredes com infiltração, o telhado da quadra caiu, no auditório começaram uma reforma e não terminaram”, completa Pablo.

Entre os pontos reivindicados pelos estudantes estão: reforma dos espaços pedagógicos; manutenção da infraestrutura; contratação de porteiros, inspetores e reintegração dos funcionários terceirizados que foram demitidos; melhoria na qualidade da merenda; eleição direta para diretores; e nenhuma sala com mais de 35 alunos, já que, segundo os estudantes, existem turmas com mais de 60 alunos. As ocupações também ocorrem em apoio aos profissionais da educação do estado, que completaram 40 dias em greve. 

Organização

Na ocupação do C.E. Visconde de Cairú a distribuição de tarefas se dá através de comissões, que cuidam da comunicação, segurança, atividades, alimentação, dentre outras. “Com essa ocupação nós aprendemos a nos organizar e descobrimos os nossos direitos”, revela a estudante do segundo ano J.S., de 17 anos. 

Após receber as doações dos alimentos, são os próprios alunos que se encarregam de fazer sua própria comida. O estudante Samuel Raymundo, de 18 anos, é o “chefe da cozinha” no período da tarde. “Nossa equipe aqui é muito trabalhadora. Aqui fazemos de tudo: arroz, macarrão, feijão, carne”, comenta o aluno ao apontar para as panelas com o jantar pronto às 17h. Ele acrescenta que a ocupação só irá terminar após o governo atender as demandas dos estudantes. Até lá, promete trabalhar duro para manter seus colegas de colégio de barriga cheia. 

Estado responde

Questionada pelo Brasil de Fato, a Secretaria Estadual de Educação (Seeduc) informou que já se reuniu com representantes das ocupações e prometeu atender algumas reivindicações. Sobre os casos específicos de cada escola, a Seeduc afirmou que só irá debater após a desocupação das unidades.

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