Opinião

Não é a arrecadação que diminuiu, foi a dívida que aumentou no RJ

A raiz da crise não é a falta de dinheiro, mas as prioridades de gastos do governo

Campos dos Goytacazes (RJ) |

Os dados de arrecadação do estado do Rio de Janeiro para os dois primeiros meses de 2016 em relação ao mesmo período de 2015 mostram uma realidade surpreendente, pelo menos para quem compra a ideia de que vivemos uma crise causada pela diminuição da arrecadação. A realidade é bem oposta.

Dados do Portal Transparência, mantido pela Secretaria Estadual de Fazenda do Rio de Janeiro, mostram que a arrecadação do estado aumentou em quase R$ 1 bilhão no primeiro bimestre de 2016 em comparação ao mesmo período do ano passado. 

Atrasos

Apesar de os salários do funcionalismo público continuarem os mesmos de 2015, esse ano os pagamentos estão atrasando mês a mês. Além disso, grande parte dos fornecedores continua a ver navios. A pergunta que fica é: se a arrecadação aumentou, qual é a razão do caos no pagamento dos salários dos servidores e trabalhadores terceirizados dos órgãos estaduais?

A questão objetiva que se coloca é que a análise dos números sobre a arrecadação de impostos e a execução orçamentária não explica o que está acontecendo nas finanças do estado do Rio de Janeiro. Os números comprovam que a raiz da crise não é a falta de dinheiro, mas as prioridades de gastos do governo. Isso posto, há que se questionar para onde tem ido todo o dinheiro arrecadado com impostos, já que não é com a folha salarial ou pagamento de fornecedores.

Cadê o dinheiro?

As respostas mais óbvias são o pagamento dos juros da monstruosa dívida pública acumulada pelo estado do Rio de Janeiro ao longo da última década e o custeio das obras supostamente voltadas para os Jogos Olímpicos de 2016.

Agora, a população do Rio de Janeiro só vai saber mesmo para onde este dinheiro todo está indo se ocorrer uma rigorosa auditoria das finanças do governo Pezão/Dornelles. 

Finalmente, há que se ter claro que, enquanto assistimos o inexplicável desaparecimento do dinheiro dos impostos, ocorre uma acelerada degradação dos serviços públicos. Simples, mas trágico.

*Marcos Pedlowski é pesquisador e professor da Universidade Estadual do Norte Fluminense em Campos dos Goytacazes

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