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Ocupação de escolas é luta por futuras gerações

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Alunos da rede pública ocupam mais de 30 escolas no Rio
Alunos da rede pública ocupam mais de 30 escolas no Rio - Pablo Vergara/Brasil de Fato
Estudantes dão aula de sabedoria e resistência ao ocuparem colégios

Em meados dos anos 1980, estourava um movimento de greve que gerou paralisações históricas nas escolas da rede pública no Rio de Janeiro, tanto no município quanto no estado. 

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A escola pública daquela época tinha uma estrutura satisfatória para os professores e alunos. Fazíamos duas fartas refeições diárias, tínhamos competições esportivas e até aula de música. Porém, o salário dos professores mostrava que algo estava indo de mal a pior no campo da educação e os professores, é claro, resolveram fazer uma greve.

Eu me lembro da pressão que os pais faziam na porta do colégio pedindo que o professor aceitasse o que o governo estava dando, pois seus filhos não tinham com quem ficar em casa.

Já naquela época, eu pensava que os professores não tinham que se expor e que se alguém tinha que lutar por eles tinha que ser os pais dos alunos. “Enquanto o salário do professor não for resolvido os pais não deviam levar seus filhos para o colégio”, era assim que eu pensava. 

O tempo passou e ao longo dos anos não foi só o salário do professor que foi ficando precário e sim todo o aparelho educacional. Hoje, 30 anos depois, os alunos estão nos dando uma aula de sabedoria, resistência e organização.

Eles estão lutando pelas futuras gerações fazendo ocupações nos colégios. Se a minha geração tivesse feito essa movimentação, tenho certeza que a de hoje não estaria lutando para ter (entre outras coisas) uma sala sem infiltrações para estudar.

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