A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) está empenhada na campanha pela derrubada da presidenta Dilma Rousseff. A entidade é presidida por Paulo Skaf, filiado ao PMDB, o mesmo partido do deputado federal e presidente da Câmara de Deputados, Eduardo Cunha, e do vice-presidente, Michel Temer.
Com sede localizada na Avenida Paulista, na capital paulista, a Fiesp virou o epicentro dos protestos pró-impeachment na capital paulista. A entidade lançou em outubro do ano passado a campanha “Não vou pagar o pato” e tem gastado milhões de reais em propagandas veiculadas em jornais, revistas, outdoors e redes sociais para divulgar a mensagem favorável ao impeachment.
O que está por trás da campanha?
De acordo com Douglas Martins Izzo, professor da rede pública estadual e presidente da Central Única dos Trabalhadores de São Paulo (CUT-SP), a Fiesp “é fiadora e financiadora do golpe”. Para ele, o objetivo de fundo do impeachment é impor uma agenda de ataque ao conjunto da classe trabalhadora, como “a terceirização, a flexibilização das leis trabalhistas, a reforma da previdência, as privatizações e a submissão do país aos interesses dos Estados Unidos”.
A projeção do sindicalista vai ao encontro do ocorreu na reunião do Conselho Superior de Relações do Trabalho da Fiesp, realizada no dia 5 de abril, em São Paulo, que deliberou “a formação de um grupo para estudar questões urgentes a reformar na legislação trabalhista”.
Na conferência, um dos conselheiros da federação e ex-ministro do Trabalho, Almir Pazzianotto, apontou a reforma trabalhista como “um dos grandes problemas do Brasil há 30 anos”. Em matéria publicada no site da entidade, consta a avaliação de que “os dez primeiros artigos da CLT, intocados desde 1942, são a raiz do problema”.
Para Raimundo Bonfim, liderança da Central dos Movimentos Populares (CMP), “a Fiesp se transformou no quartel do golpismo”. O fato de os empresários estarem a favor do impeachment, mesmo sem haver nenhum crime de corrupção cometido pela presidenta, “dá mais razão para o povo se colocar contra o golpe. Porque, depois, eles vão vir contra os trabalhadores”, opinou Bonfim.
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