Crise

Secundaristas fazem protesto pela merenda no centro de São Paulo​

Alunos de escolas técnicas denunciam corte de verbas por parte do governo estadual

São Paulo |
​Um novo protesto está sendo convocado para a quinta-feira (28)​, às 8h, no Masp
​Um novo protesto está sendo convocado para a quinta-feira (28)​, às 8h, no Masp - Rafael Tatemoto/Brasil de Fato

Estudantes secundaristas realizaram um protesto na região central na manhã desta quarta feira (20). A manifestação criticava o governo estadual por conta dos problemas na merenda das escolas pública paulistas. O ato contou com forte presença de alunos de escolas técnicas​ estaduais (Etecs)​. Segundo porta-vozes dos estudantes, estavam presentes cerca de duas mil pessoas. Os policiais no local não informaram sua estimativa.

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​"As escolas estaduais e as Etecs estão sob ataque!​ Merenda roubada, salas e turnos fechados numa reorganização silenciosa, falta de material, corte de funcionários, professores sem aumentos e com bônus reduzido", explica o manifesto Contra os cortes na educação: estudantes e professores não vão pagar pela crise!, distribuído pelos estudantes.

Cantando palavras de ordem como "não vai ter corte" e "vem pra rua contra o Geraldo", os estudantes saíram por volta das 10h do seu ponto de concentração, a​ Escola Técnica Estadual de São Paulo​ (​Etesp​)​, localizada na Avenida Tiradentes, na zona norte da cidade.

​"Nós estamos tentando unificar a luta ​com as escolas estaduais, já que elas estão passando pelo corte de verbas e piora na merenda. Várias Etecs não têm merenda. Minha escola nunca teve merenda. Os cortes estão vindo para todo mundo", contextualizou um dos estudantes da Etesp presentes no protesto.

Do local,​ os presentes​ se dirigiram ao Centro Paulo Souza, responsável pela gestão das escolas técnicas do estado, passaram pela Secretaria de Educação e terminaram o ato no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp), por volta das 14h.

​Um novo protesto está sendo convocado para a próxima quinta-feira (28)​, às 8h, também no Masp.

Merenda seca

O fornecimento das merendas é de responsabilidade dos estados e municípios, mas segue diretrizes nacionais porque parte dos recursos vem da União, por meio do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Nelas está explícito que o cardápio da alimentação escolar deve suprir, no mínimo, 20% das necessidades nutricionais diárias dos alunos beneficiados.

Desde o começo deste ano letivo, tem aumentado o número de reclamações relacionadas ao fornecimento de merendas nas escolas, já que algumas delas deixaram de receber refeições completas e passaram a ter apenas bolachas, suco artificial e, eventualmente, uma maçã. É a chamada merenda seca.

No entanto, um adolescente de 13 anos demanda, por dia, aproximadamente 2300 calorias. Três bolachas de água e sal têm, em média, 96 calorias e um copo de 200 ml de suco artificial, 22 calorias. Isso corresponde a 5% das necessidades diárias de um jovem, ou seja, bem abaixo do recomendado pelo FNDE.

Investigação

A Operação Alba Branca, deflagrada em janeiro pela Polícia Civil e pela promotoria estadual, suspeita que, em articulação com políticos, uma cooperativa superfaturava o preço das merendas vendidas e pagava propinas a políticos para garantir a continuidade dos contratos.

O suposto esquema de superfaturamento e propina envolveria o governo estadual e a gestão de, pelo menos, 22 prefeituras. A operação também aponta o suposto envolvimento do atual presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), o deputado estadual Fernando Capez (PSDB-SP), e de outros parlamentares da Casa. A investigação sobre Capez, que tem foro privilegiado por conta do mandato, ocorre no Tribunal de Justiça do Estado, segunda instância do Judiciário paulista.

Além de Capez, há suspeitas contra outro nome do alto escalão tucano: Luiz Roberto dos Santos, conhecido como Moita, ex-chefe de gabinete da Casa Civil da gestão de Geraldo Alckmin, atual governador do Estado.

Edição: Camila Rodrigues da Silva

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