Editorial

De olho na "bancada do camburão"

Massacre do 29 de abril, aliado a medidas prejudiciais aos trabalhadores, revela o caráter antipopular do Governo Richa

Paraná |
No dia 12 de fevereiro de 2015, deputados articulados com o governo Beto Richa (PSDB) na votação do “pacotaço”, entram na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) dentro do carro do Batalhão de Choque da PM
No dia 12 de fevereiro de 2015, deputados articulados com o governo Beto Richa (PSDB) na votação do “pacotaço”, entram na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) dentro do carro do Batalhão de Choque da PM - Simon Taylor

No dia 12 de fevereiro de 2015, deputados articulados com o governo Beto Richa (PSDB) na votação do “pacotaço” (medidas para cobrir rombos da administração pública estadual), pagaram um mico nacional: com medo dos manifestantes contrários ao projeto, entram na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) dentro do carro do Batalhão de Choque da PM. Eles ficaram conhecidos como “bancada do camburão”.

A tragédia, no entanto, aconteceu no dia 29 de abril de 2015. Por 31 votos contra 20, estes deputados aprovaram o confisco da poupança previdenciária. Resultado: 33.556 beneficiários com 73 anos ou mais foram transferidos do Fundo Financeiro, bancado pelo governo estadual, para o Fundo Previdenciário, composto por contribuições dos servidores estaduais, que poderiam servir para a manutenção e melhoria de outros serviços públicos. Com a mudança, o governo economizaria R$ 125 milhões por mês.

Retaliações

A “bancada do camburão” votou tratoraços, pacotaços aumentando tarifas estaduais e demonstrou apoio incondicional ao governo Richa em uma série de medidas prejudiciais aos trabalhadores. Entre elas, projetos considerados pelos servidores estaduais e outros partidos de oposição como “retaliações” pela manifestação do 29 de abril e greves, como a alteração das eleições e mandatos dos direitos das escolas públicas, o que aumenta a influência de Richa nesses espaços.

Mas a tentativa do governo de ferir direitos e enfraquecer a organização dos trabalhadores por meio de articulações com o Legislativo e com o Judiciário- criminalizando greves por meio de liminares-, só fortaleceu o sentimento de que o estado precisa de mudanças urgentes. Um ano depois, a resposta não poderia ser outra: tomar as ruas.

Relembre quem são os deputados e as deputadas do "camburão":

Cristina Silvestri (PPS), Claudia Pereira (PSC), Luiz Carlos Martins (PSD), Cantora Mara Lima (PSDB), Artagão Junior (PMDB), Gilberto Ribeiro (PSB), Guto Silva (PSC), Paulo Litro (PSDB), Mauro Moraes (PSDB), Hussein Bakri (PSC), Maria Victória (PP), Francisco Buhrer (PSDB), Jonas Guimarães (PMDB), Plauto Miró (DEM), Ademar Traiano (PSDB), Cobra Repórter (PSC), Nelson Justus (DEM), Tião Medeiros (PTB), André Bueno (PDT), Fernando Scanavaca (PDT), Wilmar Reichembach (PSC), Bernardo Ribas Carli (PSDB), Romanelli (PMDB), Pedro Lupion (DEM), Evandro Junior (PSDB), Felipe Francisquini (SD), Tiago Amaral (PSB)

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