Democracia

Gilmar Mauro: “Precisamos radicalizar a democracia”

O dirigente nacional do MST participou nesta segunda-feira (2) de evento realizado na Unioeste, interior do Paraná

Cascavel (PR) |
"È preciso criar alternativas de informação para que o povo não somente seja ouvido, mas tenha acesso e se aproprie de meios alternativos de comunicação”, defendeu Gilmar Mauro durante a Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária e da Democracia
"È preciso criar alternativas de informação para que o povo não somente seja ouvido, mas tenha acesso e se aproprie de meios alternativos de comunicação”, defendeu Gilmar Mauro durante a Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária e da Democracia - Julio Cariganano

“Precisamos radicalizar a democracia em dois pontos: na participação popular e no que tange a democratização da informação”. A afirmação foi feita nesta segunda-feira (2) por Gilmar Mauro, da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), durante a Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária e da Democracia, na Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), em Cascavel. 

O dirigente fez uma análise da conjuntura política e econômica e da forma como os grandes meios de comunicação do país tem se portado na tentativa de construir um consenso em torno do apoio ao impeachment da presidenta Dilma Rousseff (PT). “Os meios de comunicação trabalham com a construção do consenso, de produzir consenso para que a população apoie medidas coercitivas do Estado ou de algum grupo econômico”, afirmou Mauro. 

Radicalizar na informação, segundo Mauro, passa pela discussão da reforma da mídia e das concessões públicas dos meios de comunicação. O dirigente afirmou que a mídia tem feito seu papel de reprodução da ideologia do capital, de criminalização dos movimentos populares, por isso a necessidade de construção de meios alternativos que consigam dialogar com o povo na base. “Não queremos que ela [grande mídia] nos apoie ou fale bem da gente, mas que apenas nos ouça. Como isso não acontece, é preciso criar alternativas de informação para que o povo não somente seja ouvido, mas tenha acesso e se aproprie de meios alternativos de comunicação”, defendeu o coordenador nacional do MST. 

Em sua análise de conjuntura, o dirigente do MST apontou para a possibilidade do retorno de um projeto neoliberal derrotado nas urnas com uma vitória eventual dos que defendem o afastamento de Dilma Rousseff. “Vivemos uma crise econômica planetária e não há saída para isso a curto prazo, seja com Dilma ou Temer. Não há motivos reais contra a presidente, mas sim uma grande pressão do capital para o retorno de um projeto neoliberal que foi derrotado nas urnas”. 

Gilmar Mauro reforçou a necessidade de ampliação da participação popular para barrar o golpe. “Estamos vivendo uma ofensiva à classe trabalhadora, com possibilidade de cortes em recursos sociais, com a queda do valor da força de trabalho. Um processo que passará por privatizações, especialmente do pré-sal, do setor energético, e de setores da educação e saúde pública. Um processo que tem no pacote a reforma da previdência e da perda dos direitos sociais conquistados no último período”.

Jornada Universitária

A Jornada Universitária da Unioeste teve o objetivo de dialogar com a sociedade o Projeto de Reforma Agrária Popular proposto pelos Movimentos Sociais Populares do Campo – em especial o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.  O evento no oeste do Paraná também discutiu a situação do uso de agrotóxicos na região, a criminalização dos movimentos populares e a violência e impunidade dos crimes no campo.

Na oportunidade também aconteceu o lançamento da Feira Agroecológica na Unioeste, com a comercialização de produtos da reforma agrária oriundos de assentamentos da região. A feira acontecerá todas as quartas-feiras no período matutino, com a exposição de produtos agroecológicos e no período vespertino serão expostos produtos artesanais.

 

 

 

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