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PM só vai fazer reintegração do Centro Paula Souza se puder usar armas, afirma SSP

O mandado expedido pela Justiça de São Paulo exigia que não fossem utilizadas armas letais nem não letais

São Paulo (SP) |
Mesmo sob a apreensão da chegada policial, os alunos dançaram e cantaram durante a amanhã
Mesmo sob a apreensão da chegada policial, os alunos dançaram e cantaram durante a amanhã - José Eduardo Bernardes/Brasil de Fato

A reintegração de posse do Centro Paula Souza, deferida em audiência de conciliação na tarde da última quarta (4), estabeleceu que a ordem fosse executada às 10h ou às 14h desta quinta-feira (5), mas, até o momento, não houve qualquer movimento policial na unidade, localizada na centro de São Paulo.

Segundo o Brasil de Fato apurou, a Polícia Militar não teria concordado com as exigências do juiz Luís Manuel Pires, que determinou que a PM não poderia utilizar armas letais nem não letais, como cassetete, balas de borracha e gás de pimenta. A reintegração também deveria ser acompanhada pelo secretário de Segurança Pública, Alexandre de Moraes. 

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) disse que a reintegração de posse está mantida, mas "só será cumprida no momento adequado, quando afastadas as duas condições abusivas e ilegais fixadas pelos magistrados da Central de Mandados".

O uso de armas não letais pode, segundo a nota da SSP, "gerar riscos no momento de retirada dos invasores". "A análise sobre a necessidade ou não de porte de armas, inclusive não letais, deve ser feita pela Polícia Militar, para garantir a integridade dos próprios manifestantes", diz a nota. 

A SSP solicitou providências sobre o caso à Procuradoria Geral do Estado, "para afastar as ilegalidades, permitindo o integral cumprimento da ordem judicial".

Crítica à PM

"O governador, mais uma vez, perde a oportunidade de estabelecer um outro método de lidar com as manifestações, especialmente com os estudantes", pontuou o deputado estadual João Paulo Rillo (PT-SP), que visitou a ocupação na manhã desta quinta-feira. "O senhor Geraldo Alckmin comprova o seu despreparo para conviver com a democracia e apela para aquilo que ele tem, a Justiça e sua polícia, muitas vezes truculenta", completa.

Em um jogral, realizado próximo ao horário determinado para a reintegração, os alunos disseram que seguirão com as ocupações até que a merenda esteja em todas as escolas estaduais. "Não vamos desistir. Nossa pauta é justa, nós resistiremos", afirmaram os alunos que ocupam a unidade.

A ordem judicial determinou que os estudantes deveriam deixar o Centro Paula Souza até as 9h da manhã para evitar qualquer confronto. Os alunos retiraram pertences, como materiais de limpeza, roupas de cama e alimentos, da ocupação. 

Mesmo sob a apreensão da chegada policial, os alunos dançaram, cantaram músicas de protesto, pintaram os rostos e festejaram durante toda a manhã. No horário do almoço, "quentinhas" chegaram à ocupação, doadas por colaboradores do movimento.

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