Mulher em pauta

#‎PareDeOdiarSeuCorpo‬ lança debate sobre padrão de beleza

Campanhas nas redes sociais fazem o contraponto mostrando mulheres cheias de curvas e com a autoestima lá em cima

Rio de Janeiro |
Na Bahia, mulheres criam movimento “Vai ter gorda” na praia
Na Bahia, mulheres criam movimento “Vai ter gorda” na praia - Movimento Vai Ter Gorda

Mulheres que odeiam seus corpos. É cada vez mais comuns os casos de mulheres que não aceitam o corpo que têm. Seja ele com mais ou menos curvas, jovens ou não tão jovens. Os padrões de belezas ditados pelas propagandas de televisão, pelas revistas de modas, por modelos famosas, blogueiras fitness e atrizes de novelas levam as mulheres comuns a buscar um ideal difícil de ser alcançado. Cansadas dessa ditadura da beleza, muitas delas começaram uma campanha nas redes sociais que mobilizou milhares de participantes, usando as hashtags #AmeSeuCorpo e ‪#‎PareDeOdiarSeuCorpo‬.‬‬‬‬

A prática de exercício e uma alimentação balanceada são elementos fundamentais para manter o corpo saudável. Mas, qual é o limite entre a busca pela saúde e a obsessão pela estética perfeita? Essa discussão veio à tona quando a jornalista Daiana Garbin fez um vídeo dizendo que ela odeia o corpo dela. O vídeo bombou na internet. 

De repente, os dois quilinhos que toda mulher sonha em perder viraram algo mais sério. E isso tem um nome: “dismorfobia”. Trata-se de um transtorno também conhecido como síndrome de distorção da imagem. Acontece quando há uma preocupação excessiva com um “defeito” corporal mínimo ou com “defeitos” corporais imaginários. A pessoa vive um enorme sofrimento por ter certeza de que seu “defeito” físico é tão grande que todos a rejeitarão por aquele aspecto esteticamente desagradável.

Padrão de beleza

“Existe uma cobrança muito grande em relação às mulheres. A sociedade estabelece padrões de beleza quase impossíveis de serem alcançados. Isso gera uma frustação muito grande”, destaca o psicólogo e psicanalista Paulo Ritter. 

Ele afirma que tanto no consultório particular, quanto no sistema público, essa questão sempre aparece nas queixas das pacientes tratadas. “As mulheres são proibidas de engordar e não podem envelhecer em paz. São questões culturais que pesam muito sobre elas”, aponta o psicanalista.

Segundo uma pesquisa do instituto Datastore, 80% da população feminina não está contente com o corpo que tem e 93% acredita que o atual padrão de beleza estabelecido é intangível. 

O resultado dessa pesquisa originou o livro A Ditadura da Beleza, um romance escrito pelo psiquiatra Augusto Cury. A obra retrata a mutilação da autoestima da mulher causada pelos padrões de beleza, especialmente da magreza.

Contra a cultura

“Mulher, você é linda do jeito que é”, escreveu essa semana a internauta Márvila Araújo. “Tuas linhas, curvas, traços, marcas exaltam o ser precioso que és. As modificações do corpo fazem parte do seu amadurecimento”, completou.

Para o psicanalista Paulo Ritter, a mulher precisa aceitar seu corpo. “Depois que engravida e tem filho, por exemplo, o corpo muda, isso é natural. Mas, hoje, a mulher sensual está muito associada àquele corpo magro, sem barriga e seco”, diz Paulo.

Enquanto isso, para alguns, a sensualidade está mais na atitude do que na aparência, segundo a psicóloga Maria da Glória Hazan, pesquisadora da PUC-SP.

Portanto, cuidar da saúde é importante, mas o excesso de preocupação com a aparência pode se tornar doença.

 

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