Greve

Novos protestos bloqueiam rodovias contra reforma trabalhista na França

Diversos setores paralisam atividades durante esta semana contra imposição do presidente François Hollande

Brasil de Fato |
Protesto em rodovia francesa contra a lei baixada por decreto na última terça-feira (17)
Protesto em rodovia francesa contra a lei baixada por decreto na última terça-feira (17) - ToChangeEverything

Bloqueios de caminhoneiros em estradas estratégicas da rede viária francesa se repetiram nesta quarta-feira (18). Os manifestantes protestam contra a imposição de novas leis trabalhistas no país. As ações fazem parte de uma greve geral iniciada por mais de dez setores na última terça (17) e que deve durar por uma semana. É a maior onda de protestos contra a reforma desde que os debates se iniciaram há três meses. 

União de trabalhadores e sindicatos organizam paralisações em portos, aeroportos e ferrovias durante toda a semana. Uma grande jornada de protestos é esperada para esta quinta-feira (19) e deve fechar, pela segunda vez na semana, portos e docas. Algumas escolas também estão com as atividades suspensas devido à adesão de professores e funcionários.

A mobilização desta quarta-feira se concentrou em áreas no Oeste do país, com a ocupação de duas estradas de acesso à área industrial do Porto de Le Havre, incluindo a entrada da refinaria do grupo Total, em Gonfreville l'Orcher. A paralisação também reduziu pela metade os serviços de trens e causou o cancelamento do tráfego de embarcações para o Reino Unido. Os ferroviários deverão manter a greve até a sexta-feira.

Na terça-feira, os protestos de rua reuniram 68 mil pessoas, segundo a polícia, e 220 mil, segundo o confederação sindical CGT. "Quando não nos escutam, precisamos tentar nos fazer ouvir", disse Philippe Martinez, líder da organização.

Reforma laboral

Os trabalhadores e sindicalistas franceses repudiam a reforma imposta pelo presidente François Hollande, por favorecer as empresas em detrimento dos trabalhadores. A lei passou à força na Assembleia Nacional na terça passada (10), através de um decreto – que a legislação francesa só permite em casos de exceção. O artifício foi usado pois o governo não asseguraria os votos necessários para aprovação no parlamento, tendo dissidentes até mesmo entre os deputados do Partido Socialista (PS), mesma filiação do presidente.

A lei foi encaminhada ao Senado, onde será debatida no dia 20 de junho e votada no dia 28. A proposta então volta para a Assembleia, onde o Governo poderá novamente baixá-la por decreto.

A reforma prevê o aumento da carga horária de trabalho diário, podendo alcançar 12 horas. A medida também facilitará demissões e desonerações motivadas pela crise econômica ou queda da receita das empresas, que passarão ser menos criteriosas. Além disso, o valor pago pelas horas-extras será reduzido, os valores das indenizações na Justiça terão valores máximos para referência dos juízes e os sindicatos majoritários não poderão mais vetar acordos entre patrões e empregados.

Aproximadamente 70% dos franceses são contrários à nova lei trabalhista, segundo as pesquisas de opinião. Hollande e o primeiro-ministro Manuel Valls afirmaram que não recuarão e que reforma é “necessária” para melhorar a competitividade das empresas. "Prefiro que guardem de mim a imagem de um presidente que fez reformas do que a de um Presidente que não fez nada", afirmou o presidente à rádio Europe 1. A lei, segundo ele, "vai passar, porque foi discutida, elaborada, corrigida, emendada".

Embora a economia da França tenha crescido 0,3% no último trimestre, o desemprego no país está acima de 11% e o déficit orçamentário fechou 2015 em 4,3% do PIB. O índice está acima da meta da Comissão Europeia, que exige que o país cumpra o acordo e acelere as reformas.

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