Protestos

Militantes ocupam ruas que cercam a mansão de Temer; 4h depois, PM ataca acampamento

Cerca de 300 pessoas montaram acampamento a cerca de 500 metros da casa do presidente interino, no Alto de Pinheiros

São Paulo (SP) |
Ocupantes e a Polícia Militar ao fundo, que estava escoltando a casa desde a manhã deste domingo
Ocupantes e a Polícia Militar ao fundo, que estava escoltando a casa desde a manhã deste domingo - José Eduardo Bernardes/Brasil de Fato

Na noite deste domingo (22), aproximadamente 300 militantes da Frente Povo sem Medo ocuparam os arredores da Praça Norma Arruda, no Alto de Pinheiros, em São Paulo (SP), a pouco mais de 500 metros da mansão do presidente interino Michel Temer. Por volta da meia-noite, quatro horas após o início do acampamento, a tropa de choque da Polícia Militar atacou os manifestantes com jatos d’água e bombas de gás lacrimogêneo para dispersá-los.

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"O mesmo governador Geraldo Alckmim que permitiu por mais de dois meses a ocupação na Avenida Paulista [organizado por grupos pró-impeachment com apoio da Fiesp] sem qualquer tipo de crítica, querem retirar em poucas horas a ocupação da casa do Michel Temer", denunciou o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), em sua página do Facebook.

A ocupação ocorreu ao final do ato "Temer, Jamais! Resistir Nas Ruas Por Direitos", convocado pela mesma Frente, que se concentrou no Largo da Batata e marchou até a residência do vice-presidente. A Povo sem Medo reúne uma série de movimentos populares, sendo o maior deles o MTST.

A Polícia Militar está, desde a manhã deste domingo, cercando a casa com um efetivo ostensivo e impediu o acesso dos manifestantes à praça. "O que foi nos foi passado pelo Comando [da PM] é que é uma decisão superior, ao que parece da própria turma do Michel Temer e do ministro golpista da Justiça [Alexandre de Moraes], de impedir o nosso acesso à praça que está em frente à casa dele. Mas têm as ordens que vêm de cima e as ordens que vêm de baixo, que não são as mesmas. (...) Por isso, até segundo momento, daqui a gente não arreda o pé", anunciou o coordenador do MTST, Guilherme Boulos.

Segundo apurou a reportagem que estava no local, há uma base da polícia com cerca de 30 policiais, três viaturas, motos e um pelotão do Choque para dar suporte. A PM não informou o número exato de agentes por se tratar de "informação estratégica".

Boulos informou que não vão sair do local até "ter todas as questões que estão colocadas resolvidas". "Temer anunciou cortes de programas sociais, cortoumoradias de pessoas que estão aqui, na sua primeira semana fez um atentado aos direitos dos trabalhadores. Além disso, é um governo ilegítimo, e é por isso também que estamos aqui", explicou. 

Ato

A manifestação, convocada para as 14h, contou com cerca de 30 mil manifestantes, que marcharam pelo bairro de Pinheiros com palavras de ordem que pediam a saída de Temer da Presidência da República.

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Além dos militantes da Frente Povo sem Medo, também participaram dirigentes da Intersindical e da Central Única dos Trabalhadores (CUT), além do deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP), que faz oposição à presidenta Dilma no Congresso, mas se posicionou contra a abertura do processo de impeachment. "Essas manifestações são fundamentais para mostrar a ilegitimidade, a ilegalidade e a imoralidade do governo Temer, e mostrar que ele não vai ter trégua nem vai ter folga", avaliou o parlamentar.

Moradores

O Brasil de Fato conversou com alguns vizinhos de Temer, que manifestaram opiniões divergentes sobre o ato e a ocupação. Nenhum deles quis se identificar. "Eu acho que é válida a manifestação, é a democracia, as pessoas têm o direito de se manifestar. Mas não acho que o impeachment é golpe. Foi um processo validado pela Câmara e pelo Judiciário", avaliou o primeiro entrevistado, que disse não ver muito o vice-presidente nas redondezas.

"Acho que [a ocupação] prejudica quem mora aqui. Eu ia até o supermercado por essa rua e agora tenho que dar a volta pela Marginal [Pinheiros]. Fica muito longe. E Temer foi embora às 15h, não adianta eles ficarem aqui", reclamou o segundo morador com quem a reportagem conversou.

Edição: Camila Rodrigues da Silva

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