Opinião

Artigo: De Jucá à Rosa Weber, com carinho!

A Temer, se tiver um pingo de grandeza (e duvido!), cabe a renúncia

Belo Horizonte |
Robson Sávio: Gravações confirmam o que todos já sabíamos
Robson Sávio: Gravações confirmam o que todos já sabíamos - Reprodução

A Folha de São Paulo, um jornal que se autointitula “a serviço do Brasil” (e podemos perguntar: de qual Brasil?), divulgou declarações bombásticas do segundo homem-forte de Temer (porque o primeiro é Eduardo Cunha), o senador Romero Jucá. As gravações são uma cristalina confissão da farsa golpista. Não comprometem apenas Jucá, seu grupo político (seria mesmo um grupo?) e os conspiradores do golpe. Atingem o sistema de justiça; confirmam a participação descarada da imprensa golpista no processo fajuto; apontam para um "eles", o PSDB (o partido que perdeu as eleições e não aceita) e, finalmente, comprometem o interino. Afinal, segundo Jucá, Temer foi citado como se tivesse sido consultado a respeito da criação de um "pacto" cuja finalidade seria acalmar a sociedade (qual sociedade?) que estava angustiada com os efeitos da Operação Lava Jato.

Jucá já tinha afirmado que “Temer deveria fazer um governo de salvação nacional”. Para salvar os homens e mulheres de bens, o tal pacto (“construído por uma nova casta pura” – de fazer inveja a Hitler) acabaria com as investigações de corrupção que atingem vários políticos, inclusive os tucanos, na figura de Aécio, “o primeiro a ser comido". 

Se o STF e Temer se fizerem de moucos, além de desacreditados que são, ambos estarão enroscados frente a opinião pública nacional e internacional.

Para todos os efeitos, as gravações confirmam o que todos já sabíamos: o afastamento de Dilma Rousseff foi um golpe arquitetado ardilosamente por duas coalizões, uma político-parlamentar e outra midiática-jurídica-empresarial-elitista para protegerem as quadrilhas que atuam em vários órgãos do executivo e do legislativo em parceria com empresas privadas e, ao que tudo indica, comprometendo atores do judiciário.

A Temer, se tiver um pingo de grandeza (e duvido!), cabe a renúncia. Para aqueles que achavam que derrubando o PT e “sua corrupção” teríamos uma república dos homens de bens, fica a lição: desconfiem de contos da carochinha. E a ministra Rosa Weber, que pediu explicações a Dilma sobre o uso da palavra golpe, oferecemos-lhe com carinho a gravação de Jucá.

*Robson Sávio Reis Souza é professor da PUC Minas e ativista nas ruas e nas redes.

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