Opinião

ARTIGO: Aumenta a violência sexual contra mulheres nas universidades

As zonas oeste e norte do Rio concentram 91% dos casos de estupro registrados

Rio de Janeiro |
Alunas da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro foram à Alerj em abril denunciar estupros
Alunas da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro foram à Alerj em abril denunciar estupros - Divulgação

Mulheres conquistam direitos sociais, mas a ampliação do conservadorismo promoveu a instauração do machismo na política. Em 26 de maio, ocorreu um estupro coletivo a uma adolescente, com participação de seu ex-namorado, na zona oeste do Rio de Janeiro que chocou o país. Infelizmente, não é um caso isolado. 

De acordo com o Dossiê Mulher (2014) divulgado pelo Instituto Avon, as zonas oeste e norte do Rio concentram 91% dos casos de estupro registrados. Na zona oeste estão 57% dos casos. Essa violência se reflete nas universidades, onde 67% das estudantes são vítimas de algum tipo de violência sexual. Estupro, assédio, coerção, desqualificação intelectual e agressão moral e psicológica são praticados por colegas, professores e funcionários. Esses índices também foram divulgados pelo Instituto Avon.

Os casos recentes de estupro na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) resultaram no silenciamento e na culpabilização das vítimas. Uma universitária sofreu dois assédios sexuais. Seus agressores eram professores que ofereciam vantagens acadêmicas em troca de sexo. Um deles ainda praticou assédio moral como punição à negação da vítima. 

Basta de violência

Segundo a doutoranda membro da Associação de Pós-graduandos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Raquel Albuquerque, “quase todas as mulheres” já passaram por isso dentro da universidade. “A violência sofrida muitas vezes na sociedade e na universidade não é percebida como violência”. 

A violência sexual contra as mulheres faz parte da cultura do estupro no nosso país e torna as agressões sexuais masculinas aceitáveis socialmente. Essa violência se perpetua porque as forças políticas e sociais conservadoras impedem a efetivação de políticas públicas de combate ao machismo. 

O conservadorismo necessita ser combatido, através do empoderamento feminino e da criação de políticas públicas que desconstruam o machismo.

Helena Alves Rossii é historiadora, aluna da UFRJ e membro do Coletivo de Mulheres Feministas do Subúrbio.

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