Petrobrás

OPINIÃO: Só a volta da campanha “O Petróleo é Nosso” pode salvar a Petrobrás do golpe

A Petrobrás nunca foi tão ameaçada como agora, no governo golpista, pela Globo, PSDB e Lava Jato

Rio de Janeiro |

Não podemos esquecer que, quando o petróleo era apenas um sonho, na década de 40 e 50, a sociedade brasileira organizou a maior campanha que este país conheceu que foi O Petróleo é Nosso! Dessa campanha, resultou a criação da Petrobrás e do monopólio estatal do petróleo.

Continua após publicidade

O petróleo hoje já é uma realidade, já que o pré-sal garante nossa autossuficiência no mínimo nos próximos 50 anos, produzindo mais de um milhão de barris por dia, o suficiente para abastecer todos os países do Mercosul juntos. Será que agora, depois de tanta luta, tanto investimento e com toda essa riqueza à disposição do povo brasileiro, vamos permitir a entrega do nosso petróleo? 

A Petrobrás nunca foi tão ameaçada como agora, no governo golpista, pela Globo, PSDB e Lava Jato.

A Globo, já na década de 90, no governo de Fernando Henrique Cardoso, fez campanha pela privatização da Petrobrás comparando a empresa a um paquiderme e chamando os petroleiros de marajás. A mesma Globo que, apesar do o sucesso inconteste do pré-sal, lança um editorial em 20 de dezembro de 2015, com o título: “ O pré-sal pode ser patrimônio inútil”. 

Fica clara a ligação entre a Lava Jato e a Globo, já que todos os vazamentos de delação premiada da Operação Lava Jato são divulgadas primeiro na emissora dos Marinhos, parecendo um reality show. Além disso, a Globo, que a todo custo prega a privatização da empresa, premia o juiz Sérgio Moro como homem que faz a diferença.

Justamente o juiz Sérgio Moro que chefia a operação Lava Jato, investigando a Petrobrás há mais de um ano e meio, e, dizendo querer acabar com a corrupção, tudo faz para acabar é com a Petrobrás.

Não por acaso Moro, como um legítimo agente da CIA, convoca os procuradores americanos para investigarem a Petrobrás e não convoca nossos procuradores para investigarem a petroleira americana Chevron, que foi denunciada em 2009 pelo site Wikileaks. O candidato derrotado à presidência, José Serra, teria prometido favores a Chevron em prejuízo da Petrobrás. Como reconhecimento aos serviços prestados, o governo americano também premia o juiz Moro, e as principais revistas americanas, Fortune e Time, homenageiam o juiz.  

E por que a Lava jato quer destruir o PT? Simplesmente porque os governos do PT afastaram o perigo de privatização da Petrobrás e desenvolveram tecnologia inédita que permitiu a descoberta do pré-sal. E ainda retomaram a indústria Naval, antes desativada por FHC! A grande mídia esconde, mas a Petrobrás hoje responde por 13% do PIB e, com os impostos que paga, viabiliza 80% das obras no país, sendo o Brasil a 2ª nação que mais realiza obras no mundo, só perdendo para a China.

Aliás, também na sina de prejudicar o governo, a Lava Jato tem proporcionado a interrupção de várias dessas obras, dificultando os acordos de leniência, o que permitiria que os donos de empresas envolvidas continuassem respondendo na Justiça, mas as obras avançariam, não prejudicando assim nem os trabalhadores nem a economia do país. 

Em uma matéria publicada no blog Conversa Afiada no dia 4 de fevereiro deste ano, o delegado aposentado Armanco Coelho Neto fala sobre a guerra política contra o PT. “Eu não acho que exista um combate à corrupção, existe uma guerra declarada ao Partido dos Trabalhadores”, diz Armando Coelho Neto, ex-presidente da Associação de Delegados da Polícia Federal.

E a Lava Jato que quer destruir o PT que fortaleceu a Petrobrás, por outro lado protege descaradamente o PSDB,  que sempre quis entregar a Petrobrás. Apesar das inúmeras delações premiadas contra senadores tucanos como Antonio Anastasia, Aloysio Nunes e Aécio Neves, este cinco vezes delatado, Moro nada faz contra eles.

Como também, o governo de FHC na Petrobrás que já foi várias vezes denunciado na Lava Jato e Moro faz vista grossa, nem com o próprio FHC revelando em seu livro, Diários da Presidência, que havia corrupção na Petrobrás no seu governo. Ora, quem quer acabar com a corrupção não protege corruptos!

Na verdade, todos os vazamentos da Lava Jato são no sentido de destruir o PT e desmoralizar a Petrobrás, não para acabar com a corrupção como querem fazer parecer, mas sim para desmoralizar a Petrobrás, viabilizando assim sua entrega. Fizeram o mesmo com a Vale do Rio Doce, a maior mineradora do mundo, vendida a preço de banana, na gestão do PSDB, partido que está ao lado do Temer agora.

O governo interino de Michel Temer já declarou que vai privatizar tudo, principalmente a Petrobrás, Banco do Brasil e Caixa Econômica. E já começou com o anúncio de Temer do fim do Fundo Soberano e a flexibilização do pré-sal. Na Petrobrás Temer indicou para presidi-la, Pedro Parente, ex-ministro do governo de FHC, que comandou o apagão e a tentativa da privatização da Petrobrás. 

O mundo e a sociedade brasileira tem respondido fortemente contra o golpe. A ocupação das escolas, em vários estados, em busca de uma educação de qualidade, e a ocupação do Ministério da Cultura, o que fez Temer desistir de acabar com o ministério, são exemplos a serem seguidos! A greve dos petroleiros já está decidida pelas duas federações que dirigem os petroleiros. Creio que os partidos políticos que estão contra o golpe, PT, Pc do B, PCR, Psol, PCB,  PDT, os movimentos populares, principalmente, MST, MTST, UNE e as centrais sindicais têm que, na greve dos petroleiros, ocupar as unidades da Petrobrás.

Com retomada da participação de civis, militares, comunistas, conservadores e estudantes, podemos renascer a campanha “O Petróleo é Nosso!” e impedir a entrega da Petrobrás!     

Emanuel Cancella é coordenador do Sindicato dos Petroleiros do Estado do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ) e da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP).

Edição: ---