FESTAS JUNINAS

Caruaru, o maior São João do Mundo

A cidade apresenta para moradores e turistas quase um mês de festas

Recife |
Quadrilhas tradicionais e estilizadas colorem a Estação Ferroviária em Caruaru
Quadrilhas tradicionais e estilizadas colorem a Estação Ferroviária em Caruaru - Lidiane Mallmann

A grandiosidade da festa de São João em Caruaru, no agreste pernambucano, impressiona. Moradores e turistas não titubeiam para falar que esse é o maior e melhor São João do mundo. Os festejos, típicos do Nordeste brasileiro, duram quase um mês e reúnem cerca de um milhão e meio de turistas na cidade. O formato atual da festa, com grandes shows realizados no palco montado no Pátio de Eventos Luiz Gonzaga, centro da cidade, é da década de 1990. Mas a tradição de fazer a festa junina é mais antiga e começou do povo, que fazia a festa na rua.
“Em todos os lares se iniciavam os preparativos para a noite: lenha na porta de casa para as tradicionais fogueiras, mesas postas com toalhas e utensílios novos em comemoração à data e ‘porque vinha gente de fora’, últimos retoques em vestidos. [...] Afinal escurecia. Pontos vermelhos surgiam de casa em casa – eram as fogueiras que se acendiam”, relata, em livro, o escritor caruaruense Nelson Barbalho sobre o São João na década de 1950.
Neste ano, a tradicional festa acontece do dia 04.06 a 29.06 e terá seis polos de animação: Pátio de Eventos Luiz Gonzaga, Forró do Candeeiro, Mestre Vitalino, Repente, Polo das Quadrilhas, Polo Azulão e Polo do Alto do Moura. De acordo com a Fundação de Cultura e Turismo da cidade, o público estimado é de dois milhões de pessoas, que vão poder conferir as mais de 400 apresentações artísticas. A movimentação financeira também é grande nessa época. São quase R$ 300 milhões de reais.
Pâmela Dias, estudante, mora no entorno da Estação Ferroviária, bem próximo ao Pátio do Forró, e gosta do clima com que a cidade fica nessa época, das ruas enfeitadas e da movimentação de turistas. “O São João de Caruaru é bom porque ele tem diversidade. Acho que é essa a palavra. A festa não é concentrada só no Pátio, mas acontece em vários outros pontos da cidade. Tem as quadrilhas na Estação Ferroviária, o Auto do Moura e as festas de rua dos bairros que fazem as tradicionais comidas gigantes. E é dessa tradição que eu gosto”, pontua.

Pólo das Quadrilhas no São João de Caruaru
A preparação do grupo de danças de que Edson Araújo faz parte começa muito antes do São João. Os passos e as coreografias são ensaiados com muita dedicação para sair tudo perfeito no período junino. “Essa é uma festa esperada pelos caruaruenses e por todos que conhecem. Assim que termina um São João, já ficamos na expectativa pelo outro. O conjunto da festa é que faz com que ela seja tão interessante, mas as apresentações das quadrilhas, tantos as tradicionais quanto as estilizadas, é que me enchem os olhos”, conta Edson.

Um pouco da história
As festas juninas têm seus primeiros registros nos países europeus e eram pagãs. Comemoravam a chegada do solstício de verão no Hemisfério Norte e, quando foram transportadas para o Hemisfério Sul, passaram a ser associadas ao solstício de inverno. Na Idade Média, com a evangelização da Europa, o ritual foi incorporado ao calendário cristão. O dia 24 de junho passou a comemorar o nascimento de São João Batista e as outras datas do mês foram associadas a santos populares: o dia 13 é dedicado a Santo Antônio e o dia 29, a São Pedro e São Paulo.
Os rituais foram trazidos para o Brasil pelos portugueses, espanhóis, holandeses e franceses. A mistura entre festas cristãs de santos, os folguedos pagãos e os diferentes tipos de celebração que aconteciam nas diferentes regiões do país, deram origem as festas juninas atuais e suas expressões artísticas, como as cirandas, o xaxado, o baião, o forró e as quadrilhas forrós.

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