Durante meses, as Organizações Globo e as associações dos grandes empresários bancaram propagandas que tiveram como lema a frase “nós não vamos pagar o pato”.
Quem não se lembra dos patos das Federações das Indústrias dos Estados de São Paulo (FIESP) e do Rio de Janeiro (FIRJAN) aparecendo em imagens das passeatas convocadas pelos setores pró-golpe? Eles não mentiram em relação às suas intenções: apenas não foram muito claros. Quando diziam “nós não vamos pagar o pato”, esse “nós” dizia respeito a “eles”, grandes empresários, e não a “nós”, conjunto da população trabalhadora.
No último domingo (12), o jornal O Globo publicou um editorial que propunha “quebrar a rigidez das leis trabalhistas”. O texto só não diz as consequências: querem riscar do mapa as leis que asseguram condições menos desfavoráveis aos trabalhadores.
Intenções sinistras
As palavras são bonitas, com ares modernos, mas quando propõem “flexibilidade” no mundo do trabalho, O Globo, a FIESP, a FIRJAN e essa rapaziada entendem basicamente o seguinte: flexibilizar a legislação trabalhista é ter a liberdade para explorar livremente a força de trabalho, nas melhores condições possíveis, com o mínimo de direitos e sem a interferência da fiscalização dos órgãos públicos ou dos sindicatos.
Em mais uma de suas artimanhas para enganar o leitor e a leitora, O Globo afirma que na Europa ocorre a mesma coisa. O jornal da família de patrões mais rica do Brasil diz que, na França, está em curso algo semelhante. O que O Globo não conta é que, na França, o pau está comendo: lá, a classe trabalhadora já entendeu que, por trás de palavras bonitas, está o aumento da exploração, a precarização do emprego e a diminuição dos salários.
Jogo de palavras
Não compremos gato por lebre: o sentido da legislação trabalhista é diminuir a desigualdade entre os grandes patrões e a classe trabalhadora. Flexibilizar a legislação trabalhista é atacar os trabalhadores e os sindicatos, com o objetivo de nos explorar ainda mais. É um jogo de palavras em que se escondem as reais intenções: que nós, o povo, paguemos a conta da crise. Por trás dessa conversa fiada, dessa bela viola, está um pão muito bolorento.