Negociação

Venezuela e EUA anunciam nova etapa de diálogo após reunião entre líderes

A chanceler venezuelana e o secretário de Estado dos EUA se reuniram em Santo Domingo, na República Dominicana

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 Os chanceleres dos EUA e de Venezuela, John Kerry e Delcy Rodríguez e suas equipes
Os chanceleres dos EUA e de Venezuela, John Kerry e Delcy Rodríguez e suas equipes - Reprodução/MRE-Venezuela

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou nesta terça-feira (14) que seu país e os Estados Unidos iniciarão “uma nova etapa de diálogo”. O anúncio se dá após um encontro entre a chanceler venezuelana, Delcy Rodríguez, e o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, em Santo Domingo, na República Dominicana, em meio à 46ª Assembleia Geral da OEA (Organização dos Estados Americanos).

“Eles propuseram que iniciemos uma nova etapa de diálogo com novos canais de comunicação e um conjunto de encontros a alto nível de maneira imediata e eu disse à chanceler: ‘aprovado’”, declarou Maduro em Caracas.

Segundo comunicado publicado no site da Chanceleria da Venezuela, o objetivo da reunião bilateral entre Rodríguez e Kerry era “renovar os canais de comunicação e regularizar as relações diplomáticas entre as duas nações”. Durante o encontro, os dois diplomatas “destacaram a importância desse tipo de aproximação como única via para o entendimento da real situação venezuelana”.

Após a reunião com Rodriguez, Kerry disse à imprensa que os EUA não buscam sancionar a Venezuela nem que o país seja suspenso da OEA. “Não queremos uma suspensão, não acreditamos que seja construtivo”, disse o secretário de Estado norte-americano, que também anunciou um diálogo "imediato" entre ele, a chanceler venezuelana e o conselheiro de seu Departamento, Thomas Shannon, que viajará primeiro a Caracas.

Durante seu discurso na Assembleia da OEA, no entanto, Kerry pediu que Maduro “liberte presos políticos” e “honre seus mecanismos constitucionais, inclusive um referendo revogatório justo e em tempo que é parte do processo constitucional”. Ele afirmou também que os Estados Unidos apoiam um “diálogo nacional” para resolver a crise na Venezuela.

Em resposta às declarações de Kerry, a chanceler venezuelana disse que “os assuntos internos da Venezuela serão resolvidos pelos venezuelanos”. Rodriguez também reiterou sua declaração anterior de que os EUA planejam uma intervenção militar na Venezuela e afirmou que seu país vive uma “campanha internacional de hostilidade liderada pelo secretário-geral da OEA, Luis Almagro, que tem por objetivo remover o mandatário eleito de forma popular [Nicolás Maduro] e assim submeter a nação aos interesses imperiais”.

O presidente venezuelano se encontra em meio a uma ofensiva da oposição e de atores internacionais, como Almagro, para que realize o referendo revogatório de seu mandato ainda este ano. Na votação, um dispositivo constitucional venezuelano, a população decidiria se Maduro continua ou não como presidente do país.
 
A previsão, por parte da oposição dentro e fora da Venezuela, é de que Maduro sairia derrotado. Neste caso, se o referendo for realizado ainda este ano, novas eleições serão convocadas; caso o referendo seja realizado no ano que vem, o vice-presidente, Aristóbulo Istúriz Almeida, do PSUV, mesmo partido de Maduro, assumiria – o que a oposição quer evitar que aconteça.

 

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