Relações Exteriores

Declarações de Serra sobre Venezuela são 'insolentes' e 'amorais', diz chanceler

Delcy Rodríguez disse que chanceler brasileiro 'se soma à direita contra a Venezuela' e criticou o 'golpe'

OperaMundi |
 Delcy Rodriguez, chanceler venezuelana, também classificou como golpe de Estado o processo de impeachment contra Dilma
Delcy Rodriguez, chanceler venezuelana, também classificou como golpe de Estado o processo de impeachment contra Dilma - Flickr @Cancillería Venezuela

A ministra das Relações Exteriores da Venezuela, Delcy Rodriguez, afirmou nesta terça-feira (05) que as declarações de José Serra, atual chanceler brasileiro, sobre seu país são “insolentes e amorais” e que Serra, apontado por Michel Temer, vice-presidente no exercício da Presidência do Brasil, “se soma à conjuntura da direita internacional contra a Venezuela”.

“A República Bolivariana da Venezuela rechaça as insolentes e amorais declarações do chanceler de fato do Brasil José Serra”, escreveu Rodríguez em seu perfil no Twitter, acrescentando que Serra “se soma à conjuntura da direita internacional contra a Venezuela e vulnera princípios básicos que regem as relações internas”.

A chanceler venezuelana responde a críticas de Serra, expressando a posição do governo interino de Michel Temer, ao governo de Nicolás Maduro no país vizinho. Serra também expressou apoio à oposição venezuelana e à realização de um referendo revogatório do mandato de Maduro, dispositivo constitucional venezuelano e principal demanda da oposição.

Em referência ao processo de impeachment contra a presidente brasileira, Dilma Rousseff, a chanceler venezuelana afirmou que “no Brasil está em curso um golpe de Estado que vulnera a vontade de milhões de cidadãos que votaram” na presidente afastada no dia 12 de maio.

Procurado por Opera Mundi, o Itamaraty afirmou que responderia “com a brevidade possível” com uma posição sobre as declarações de Rodríguez.

Reunião de chanceleres do Mercosul exclui Venezuela

Os chanceleres do Uruguai, Argentina, Brasil e Paraguai manterão uma reunião no dia 11 de julho em Montevidéu para tratar sobre a situação política na Venezuela, país que deve assumir neste mês a presidência temporária do Mercosul, informou nesta terça-feira (05/07) o chanceler paraguaio, Eladio Loizaga.

Loizaga disse que a data da convocação foi comunicada por Rodolfo Nin Novoa, chanceler do Uruguai, país que ostenta a presidência do Mercosul. "A situação da Venezuela a cada dia complica mais e necessitamos do Mercosul para que o país tenha tranquilidade interna, paz, para que possa levar adiante os desafios que temos no próximo semestre", disse Loizaga aos jornalistas.

O Paraguai, que convocou a reunião, é o único país do bloco regional que deu seu apoio explícito ao secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos), Luis Almagro, no processo de aplicação da Carta Democrática da organização contra a Venezuela, um instrumento jurídico com o qual procura aumentar a pressão internacional sobre o governo de Nicolás Maduro.

Na segunda-feira (04), Nin Novoa, chanceler do Uruguai, declarou que juridicamente corresponde passar à Venezuela a presidência temporária do Mercosul, que muda a cada seis meses, e que nesta ocasião isso seria feito sem a tradicional cúpula de chefes de Estado devido ao ambiente político no país caribenho e no Brasil.

 

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