O deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara dos Deputados, renunciou ao cargo na tarde desta quinta-feira (7). No anúncio, o parlamentar afirmou que tomou a decisão para não prejudicar os trabalhos legislativos. No meio político, entretanto, a saída é avaliada como uma maneira de salvar seu mandato.
"A Casa está acéfala. Somente a minha renúncia poderá por fim a esta instabilidade sem prazo. A Câmara não poderá esperar indefinidamente", afirmou Cunha.
Em sua declaração, Cunha lembrou algumas das votações ocorridas durante sua gestão, como maioridade penal e terceirização. Ele caracterizou a situação política que enfrenta como perseguição por conta da "autorização da abertura do processo de impeachment, marco da minha gestão e que jamais será esquecido".
Caso
Cunha é alvo de inquéritos e denúncias no Supremo Tribunal Federal (STF) por envolvimentos em escândalos de corrupção ligados a desvios de recurso da Petrobras, tendo sido afastado judicialmente do cargo. A Corte considerou que o parlamentar se utilizava de sua posição para interferir nos processos de investigação.
Além disso, o deputado é alvo de um processo no Conselho de Ética por quebra de decoro parlamentar. Cunha é acusado de ter mentido durante uma sessão da CPI da Petrobras, quando afirmou não ter contas bancárias no exterior. O Ministério Público da Suíça encontrou contas em seu nome.
Cunha, nesta quinta-feira, negou envolvimento nos esquemas de que é acusado. "Comprovarei minha inocência", afirmou.
Apoio
O presidente interino Michel Temer (PMDB) se reuniu recentemente com Cunha. Em Brasília, a renúncia de Cunha é vista como manobra negociada: seria uma tentativa de manter seu mandato através do apoio do governo provisório a um nome próximo a ele para a Presidência da Câmara, evitando sua cassação no plenário da Casa.
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