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Como o Mais Médicos afetou a formação de profissionais em Caruaru (PE)

A interiorização das universidades de Medicina no Nordeste a partir do Programa mudou a saúde pública na região

Saúde Popular |
O campus da UFPE em Caruaru conta com aproximadamente 340 médicos do Programa sob sua coordenação
O campus da UFPE em Caruaru conta com aproximadamente 340 médicos do Programa sob sua coordenação - Evellyn Lima/Brasil de Fato

Um dos objetivos do Programa Mais Médicos, tema da série de reportagens especiais desta semana, é a ampliação dos cursos de Medicina e a facilitação de seu acesso, ou seja, garantir a entrada de mais pessoas em um curso de qualidade em áreas onde esta graduação ainda não havia chegado. Isso levou a uma interiorização do curso, que pode ser notada principalmente no Nordeste, uma das regiões mais carentes de profissionais nesta área.

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Caruaru está entre esses casos bem-sucedidos. O município pernambucano, situado a 130 km de Recife, tem mais de 300 mil habitantes, mas as oportunidades de estudo de nível superior se encontravam apenas na capital.

A partir de programas federais, a cidade começou a usufruir dos benefícios da interiorização do ensino e hoje conta com diversos cursos de graduação, entre eles o de Medicina, ofertado no campus da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) que fica na cidade.

Temporariamente no Pólo Comercial da cidade, o curso começou a ser pensado antes do Mais Médicos, mas sua implementação, em 2014, foi impulsionada pelo Programa, sendo que este foi um dos primeiros do Brasil a aderir.

Hoje, o campus conta com aproximadamente 340 médicos do Programa sob sua coordenação, abrangendo três das 12 regiões de saúde do Estado, estreitando os laços com as secretarias de Saúde municipais e tendo a oportunidade de conhecer a realidade destes municípios.

Residência

O Programa estabeleceu também como uma das suas metas a ampliação do acesso à Residência, com a expectativa de que todo médico formado no Brasil tenha acesso a uma vaga.

O curso de Caruaru se antecipou e criou seu próprio programa de residência desde o seu primeiro ano de funcionamento, contando atualmente com 15 vagas.

De acordo com o coordenador do curso, Rodrigo Cariri, a área que mais avançou foi a de saúde do Campo. “Através de uma parceria com a Universidade de Pernambuco (UPE) e da extensão universitária conseguimos chegar ao assentamento Normandia, onde as UBSs [Unidades Básicas de Saúde] não chegavam”, explicou.

O coordenador contou ainda que o próximo plano é a ampliação da residência, criando o R3 em Saúde do Campo com o objetivo de interiorizar ainda mais o acesso à saúde.

“Foi um programa fundamental, inédito na história do Brasil. E é uma estratégia importante de provimento de profissionais, mas é muito mais uma ferramenta de regulação da categoria, o que trará grandes melhorias futuramente”, pontua Cariri.

Estudantes

Pelo fato do curso ter nascido praticamente junto com o Mais Médicos, os alunos são bastante familiarizados com as suas estratégias e diretrizes, pois seus professores são tutores dos médicos que fazem parte do programa.

“Nossa faculdade é pautada pela necessidades reais de saúde da população. Então ela já surgiu com este propósito de ter estratégias de promoção e prevenção de saúde ligadas aos princípios do SUS”, explicou Eduarda Moura da cidade de Machados (PE), graduanda do 3º período.

A estudante coloca ainda que o Programa melhorou substancialmente as taxas da sua cidade natal, como mortalidade, nutrição, entre outras.

Já para o estudante do 4º período Vinícius Ferreira, da cidade de Belo Jardim (PE), além de ampliar as vagas e o curso, é necessário garantir também a infraestrutura necessária para o seu funcionamento, pois o curso de Medicina requer muitos equipamentos. “Pretendo me especializar, fazer residência e voltar para atuar na região”, afirma o estudante.

Edição: Camila Rodrigues da Silva

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