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Tribunal de Contas questiona CPTM sobre irregularidades em contratos de manutenção

Entre os indícios estão um documento autenticado depois do certame licitatório e orçamentos irreais

Rede Brasil Atual |
Quantidade de problemas na licitação para manutenção de trens da CPTM chamou atenção do Tribunal de Contas
Quantidade de problemas na licitação para manutenção de trens da CPTM chamou atenção do Tribunal de Contas - Divulgação/CPTM

O Tribunal de Contas do Estado (TCE) de São Paulo deu 30 dias a partir de quinta-feira (7) para a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) explicar seis contratos de manutenção preventiva de 196 trens, no valor de R$ 907 milhões. Há indícios de irregularidades na contratação da empresa CAF e do Consórcio TMT, formado pelas empresas Temoinsa, Trail Infraestrutura e Trans Sistemas de Transportes. Diretores da CAF e da Temoinsa respondem na Justiça paulista por formação de cartel e fraude em licitações para aquisição e reforma de trens do Metrô, nos governos do PSDB, entre 2002 e 2009.

O principal item destacado pelo conselheiro do TCE Antonio Roque Citadini é uma possível violação dos envelopes de propostas para a licitação, pois um documento possui data de autenticação em cartório posterior à data em que foi realizado o certame. Além disso, segundo o conselheiro, a CAF apresentou documentos essenciais para a participação no processo, depois que o mesmo foi encerrado.

Entre os demais problemas elencados por Citadini estão a modalidade de licitação (técnica e preço), subjetividade de avaliação metodológica e orçamentos básicos com distorções graves nos preços informados. Além disso, a CPTM alegou não saber quantas nem quais empresas realizaram visitas técnicas para analisar os trens que seriam objeto da contratação, o que, na opinião do conselheiro, é “inaceitável”.

No caso da modalidade, além do valor oferecido pelas empresas, é necessária comprovação de capacidade técnica. Segundo o conselheiro, essa licitação “é compatível para serviços de natureza predominantemente intelectual”, mas a CPTM detém o domínio da técnica de manutenção e já realizou contratações de igual natureza com outra modalidade. Uma das propostas contratadas por esse sistema, por exemplo, era R$ 3,5 milhões mais cara que o menor preço apresentado.

Já em relação aos orçamentos, o problema não foi o fato de as empresas terem apresentados propostas muito inferiores ao estabelecido pela CPTM, mas o fato de que valores iniciais muito elevados podem ter afastado muitas empresas da concorrência, privilegiando algumas outras. Além disso, o Consórcio TMT apresentou a mesma equipe técnica para cuidar dos quatro contratos em que venceu a licitação, quando o processo exigia uma equipe para cada contratação.

No total, são 29 questionamentos que deverão ser esclarecidos pela CPTM até o dia 6 de agosto. O despacho do conselheiro Citadini foi publicado na edição de quinta-feira do Diário Oficial do Estado de São Paulo.

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