Diversidade

Festival ocupa latifúndio da arte e cultura no Brasil

Mostra de poesia, música, artes plásticas e fotografia fazem parte da programação

Belo Horizonte |
Mostra de poesia vai contar com apresentação de diversos poetas do Brasil todo
Mostra de poesia vai contar com apresentação de diversos poetas do Brasil todo - Arquivo MST

Além de ocupar latifúndios, prédios públicos e rodovias como forma de pressionar para a conquista de direitos, como o acesso à terra e políticas para o campo, o MST também busca ocupar outros espaços, para reconstruir a cultura popular e camponesa através da luta e da resistência. 
Segundo Ester Hoffmann, da direção nacional, é por isso que, além de focar na produção de alimentos sem agrotóxicos, a organização inclui outros setores, como a cultura, a comunicação e a educação. 
“O Festival de Arte e Cultura é uma prova disso. O movimento vai mostrar o que produz não só na terra, mas no campo do pensamento. E também fortalecer os laços de integração com os trabalhadores da cidade”, afirma.
Como parte da programação, está prevista uma Mostra de Poesia, que contou com inscrições de diversos poetas do Brasil. “A Mostra de Poesia trará a vida do camponês ao versar sobre seu dia a dia, os desafios da peleia, a história de nossos massacres. Ao poetizar sobre o ataque à democracia que estamos vivendo, trará a justeza da luta da classe trabalhadora ao escrever sobre ela”, conta Luana Oliveira, do setor de cultura.
Seminários e debates 
Paralelo ao festival, serão realizados debates sobre temas importantes no momento histórico do país, como educação, saúde, gênero e comunicação. 
O principal tema em discussão é o papel da cultura na formação política dos sujeitos Sem Terra e trabalhadores do campo na luta por mudanças sociais, políticas e culturais.
“Pretendemos estimular a leitura do conjunto da classe trabalhadora sobre a  política e a cultura de resistência. Queremos também construir elementos para reforçar o projeto de Reforma Agrária através da cultura popular, na qual  as trabalhadoras e trabalhadores sejam sujeitos”, afirma a integrante do setor de formação do MST, Michelle Neves.
Mostra de Artes Plásticas 
O festival  também conta com a Mostra de Artes Plásticas, que por meio de fotos e pinturas vai expor fatos sobre os 32 anos de história do MST.
As obras são de vários fotógrafos e artistas camponeses e apoiadores, que colaboraram no registro da história do MST. “As fotos têm o potencial de denunciar, problematizar e propor alternativas à concentração da terra e a questão agrária no Brasil”, afirma Evelaine Martines, do coletivo nacional de cultura.
Acampamento em miniatura
O Festival vai contar também com a montagem de um “Acampamento Sem Terra”, de lona preta, na Praça da Estação. 
A exposição do acampamento vai reproduzir um conjunto de experiências desenvolvidas pelos trabalhadores do MST nos acampamentos e assentamentos do país, como a organização de uma escola itinerante, espaço de saúde, debates sobre questões de gênero e experiências de produção agroecológica.
O visitante terá a oportunidade de manter contato com um barraco– espaço de moradia itinerante e precária até a conquista da terra -, e, através de imagens, vídeos, áudios e conversas, ampliar os conhecimentos sobre a vivência dos trabalhadores do MST no seu processo de luta e organização.
Artistas se somam à festa
Ao longo do festival, vários shows devem embalar as noites na Praça da Estação. Titane, Pereira da Viola e Wilson Dias são alguns dos confirmados, em apresentações gratuitas.

“O festival é uma oportunidade para que a população da cidade se encontre com os assentados, converse a respeito da realidade dentro dos assentamentos, a respeito dessa prática tão importante que é convívio dentro das ocupações. A experiência do MST para nós é fundamental” - Titane

“Para mim está sendo uma grata alegria fazer parte desse momento especial, do Festival Nacional de Arte e Cultura da Reforma Agrária. É um momento em que a gente mostra pra sociedade brasileira a produção que o MST faz, que alimenta a nação brasileira” - Pereira da Viola


“Nada melhor do que a gente utilizar a nossa arte para dar as mãos a esse projeto maior. O MST vem mostrar o que está propondo para a política. Um projeto de transformação, que a gente acredita. A gente quer dar para os nossos filhos alimentos que alimentem de fato e não envenenem. Vamos fazer que nem os passarinhos, cantar em bando porque a arte tem que ocupar esse espaço” - Wilson Dias

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