Entrevista

Lula: "Deveríamos nos dedicar a uma Constituinte Exclusiva para a Reforma Política"

O ex-presidente participou da passagem da Caravana Popular pela Democracia em Caruaru (PE) em 13 de julho

Caruaru (PE) |
"Acho que nós deveríamos assumir uma bandeira de uma Constituinte Exclusiva para a Reforma Política"
"Acho que nós deveríamos assumir uma bandeira de uma Constituinte Exclusiva para a Reforma Política" - Joao Carlos Rodrigues

O ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva participou da passagem da Caravana Popular pela Democracia em Caruaru (PE) na quarta-feira da semana passada (13), e compartilhou sua opinião sobre possíveis encaminhamentos da atual crise política em entrevista exclusiva ao Brasil de Fato-PE, concedida no Centro de Formação Paulo Freire, no Assentamento Normandia.

"Eu penso que a Reforma Política seria hoje a mais urgente a ser feita no Brasil. Como não acredito que esse Congresso vá fazê-la, eu acho que nós deveríamos assumir a bandeira de uma Constituinte Exclusiva para a Reforma Política, para que a gente possa moralizar a política no país", afirmou.

Ele crítica inclusive a fragilidade dos partidos políticos atualmente. "Hoje [os partidos] são, quase todos, legendas de aluguel. Ou seja, tem partido que existe há 35, 40 anos e ainda não é tem diretório definitivo". 

"É preciso moralizar a política, e vai ter que ser por uma Constituinte Exclusiva e Soberana, porque senão sairá um remendo qualquer e não vai resolver o nosso problema", concluiu.

Lula também participou de manifestação em Petrolina no dia 11, atividade com trabalhadores rurais no dia 12.

Relação com Pernambuco

O ex-presidente também ressaltou sua relação afetiva e política com o Estado. Veja algumas das frases do presidente.

"Eu penso que a minha relação com Pernambuco é a relação de uma pessoa que tem um profundo amor pelo estado em que nasceu. Porque Pernambuco foi entre todos os estados brasileiro um dos mais guerreiros, um dos que mais lutou, foi o que primeiro proclamou a independência. Então, meu respeito vem dessas lutas do povo pernambucano".

"Achava que era necessário provar ao Nordeste que o Nordeste não nasceu para ser a região mais pobre do Brasil, que não nasceu para ser a região mais miserável, com mais analfabeto, com mais morte de crianças, com mais desnutrição e com menos doutores, com menos pesquisadores. Eu achava que era possível elevar o Nordeste a um padrão de igualdade com qualquer outra parte do país".

"Por isso, nós resolvemos investir em tecnologia, em universidade, em Escola Técnica, e sobretudo no desenvolvimento, trazendo a Refinaria [Abreu e Lima] pra cá, trazendo a Fiat para cá, trazendo laboratório de remédio pra cá. Para a gente poder provar que o Nordeste só tava atrasado em relação ao restante do país porque a elite brasileira só pensava no Centro-Sul do país".

"Levar universidade para Garanhuns, para Serra Talhada e para tantos outros municípios pernambucanos foi de uma alegria incrível, inclusive aqui em Caruaru. A universidade já está com cinco mil alunos, isso é uma coisa extraordinária. Agora mesmo tinha uma moça mostrando o anel da formatura dela e dizendo: 'Graças a você eu virei doutora'. Tinha um jornalista de uma rádio popular que disse 'graças a você eu virei doutor'. O esforço foi deles, a dedicação foi deles e nós apenas criamos a oportunidade para que eles pudessem chegar lá. Então, a minha relação com Pernambuco é isso: tentar mostrar que, através de Pernambuco, o Nordeste pode se desenvolver, pode reivindicar. E a mesma coisa quero fazer com o Norte do país.

Esse país só será justo quando todo o país tiver o mesmo investimento, o mesmo patamar de oportunidades das regiões mais desenvolvidas.

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