Luta

MST mobiliza militantes em todo o país pela Reforma Agrária e contra o golpe

Ocupações e protestos marcam jornada que teve início no dia 22

Redação |
Ações também fizeram alusão ao Dia do Trabalhador Rural
Ações também fizeram alusão ao Dia do Trabalhador Rural - MST/ Divulgação

Trabalhadores e trabalhadoras Sem Terra estão promovendo atos e ocupações nas cinco regiões do país, a favor da reforma agrária e contra o impeachment da presidenta Dilma Rousseff. As atividades estão inseridas no calendário de mobilizações da Frente Brasil Popular e fazem parte da Jornada Nacional de Luta Contra o Golpe e Pela Reforma Agrária, que acontece desde o dia 22 de julho. Na última segunda-feira (25), as ações também fizeram alusão ao Dia do Trabalhador Rural, celebrado na data.

Já são oito os estados mobilizados em todo o país dando novo fôlego ao movimento “Fora Temer”. O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) considera o governo interino ilegítimo e denuncia a extinção de vários ministérios, como o Ministério do Desenvolvimento Agrário, cortes de orçamento nas áreas de saúde, educação e políticas públicas, e a criminalização dos movimentos sociais por forças conservadoras.

A organização também expressa seu “apoio aos movimentos em luta da classe trabalhadora” e denuncia o genocídio dos povos indígenas por jagunços contratados pelo agronegócio. Também tem destaque a pauta das recentes prisões políticas de militantes do MST em Goiás, onde o judiciário, a polícia e o Ministério Público têm se articulado para enquadrar o Movimento como organização criminosa.

Além disso, o Movimento reivindica o assentamento das 90 mil famílias hoje acampadas em todo o país, o direito à segurança e soberania alimentar - sem agrotóxicos nem transgênicos-, uma educação e saúde pública de qualidade e políticas públicas para a estruturação de assentamentos. 

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“Nós já estamos sentindo uma ofensiva desse governo ilegítimo e golpista com o aumento da criminalização das lutas e dos movimentos populares organizados, e isso só aumenta nossa indignação e estimula o processo de lutas unitário entre trabalhadores do campo e da cidade”, afirmou Marina dos Santos, da direção nacional do MST. 

“O Movimento tem construído o projeto de Reforma Agrária Popular, que é mais estratégico do que apenas esperar por ações de governos. Ele depende de acúmulo de forças para irmos implementando e ajudando construir um novo projeto de país. Não vamos e não podemos nos sentir decepcionados com apenas políticas de governos. Não podemos arrefecer!”, completou.

Ocupações

Até o momento, já foram ocupadas sedes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Marabá (PA), Cuiabá (MT), João Pessoa (PB) e Fortaleza (CE), além do Instituto de Terras do Mato Grosso (Intermat). A ocupação na capital mato-grossense reivindica o assentamento imediato de cerca de 2 mil famílias acampadas no estado e tem o objetivo de pressionar o Instituto para uma efetivação dos assentamentos e adequação de infraestruturas daqueles já existentes.

Em Fortaleza, a ocupação de cerca de 1 mil trabalhadores e trabalhadoras Sem Terra  pede o assentamento para as mais de 4 mil famílias acampadas e denuncia o despejo e assassinato de camponeses e indígenas. A ordem de despejo de mais de 40 famílias que vivem há sete anos no acampamento Nova Vida, em Mauriti, região do Cariri, também é pauta da ocupação. Além de negociações com o Incra, o MST cobra uma reunião com o governo do Ceará para buscar soluções para resolver a questão hídrica do estado.

Atos

Na tarde da segunda-feira (25) cerca de 15 mil trabalhadores sem terra marcharam em Aracaju (SE), em comemoração do Dia do Trabalhador Rural e em defesa da democracia. Entre as reivindicações do movimento estava a desapropriação de fazendas, a implantação de um sistema de abastecimento de água, crédito para assentados e manutenção dos serviços de assistência técnica. 

Na ocasião, a presidenta eleita Dilma Rousseff discursou para a população ressaltando a agenda de resistência ao golpe e se reafirmando nessa luta. A concentração da marcha foi feita na BR-235, na saída de cidade, e seguiu para a Praça Ranulfo Prata, no bairro Getúlio Vargas, onde aconteceu um almoço coletivo e a leitura das faixas.

Na tarde da segunda-feira também foi realizado um ato unitário dos movimentos sociais do campo em frente ao Ministério Público Federal do município de Bauru, em São Paulo, e no Mato Grosso os manifestantes bloquearam diversos pontos nas rodovias federais.

No Paraná, mais de 2 mil Sem Terra se reúnem a partir desta quarta-feira (27), dando início à Jornada de Agroecologia, e no Maranhão, o MST realiza a Feira da Reforma Agrária em São Luiz. Em todas as ações da Jornada de Luta contra o Golpe e pela Reforma Agrária, o MST já contabiliza mais de 20 mil trabalhadores mobilizados de Norte a Sul do país.

Edição: José Eduardo Bernardes

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