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EDUCAÇÃO

Globo publica declaração de guerra à Universidade Pública

Cabe ao conjunto das forças populares, estudantes e professores intensificar as lutas em defesa da educação

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Real intenção desse argumento é o avanço do processo de mercantilização da educação no país
Real intenção desse argumento é o avanço do processo de mercantilização da educação no país - Divulgação / UFRGS

Mesmo sabendo que as Organizações Globo são um dos principais agentes e porta-vozes das elites brasileiras, foi surpreendente a defesa descarada do fim da gratuidade das universidades públicas pelo editorial de um de seus mais importantes veículos de comunicação no último dia 24.

A posição do jornal O Globo, intitulada “Crise força o fim do injusto ensino superior gratuito” é uma mistura de cinismo com interesses bastante objetivos.

Primeiro porque põe na conta das próprias universidades a culpa pela injustiça e distorção que ainda persistem em relação ao acesso e permanência no ensino superior. Tomando o exemplo isolado de um “levantamento” feito na Universidade de São Paulo (USP) pela Folha de S. Paulo há dois anos, chega a questionável conclusão de que a maioria dos estudantes daquela universidade poderia arcar com suas mensalidades, solução defendida pelo jornal.

Segundo porque a real intenção desse argumento é o avanço do processo de mercantilização da educação no país, já bastante consolidado em todos os níveis de ensino, e não a busca por um melhor equilíbrio e saneamento das contas dos governos e instituições, como insistem.

Esta ambição pelo fim da gratuidade representaria, ao mesmo tempo, um retrocesso sem precedentes dos limitados avanços na direção da democratização do ensino superior que assistimos nestes últimos anos e, sobretudo, um tiro de misericórdia nos frágeis consensos presentes na Constituição de 1988 que sobreviveram à avalanche neoliberal dos anos 1990.

Esse editorial do O Globo faz parte de um pacote de intensões e medidas que estão sendo gestadas pelo governo usurpador de Temer e seus patrocinadores, como a extensão da jornada de trabalho, a entrega do pré-sal às empresas multinacionais, a reforma da previdência, a flexibilização completa das relações trabalhistas, dentre outras atrocidades.

Diante dessa declaração de guerra contra a Universidade Pública brasileira, cabe ao conjunto das forças populares, estudantes e professores intensificar as lutas em defesa da educação, apontando para um projeto de universidade verdadeiramente pública, democrática e socialmente referenciada.

Pedro Silva é professor e militante da Consulta Popular – RJ

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