EDUCAÇÃO POPULAR

Democracia e os desafios das lutas sociais é tema do Fórum de Educação Popular

A décima edição internacional do evento aconteceu na Universidade Federal de Pernambuco do dia 19 ao dia 23 de julho.

Recife |
Um cortejo com grupos de cultura popular abriu o FREPOP
Um cortejo com grupos de cultura popular abriu o FREPOP - Divulgação

Centenas de educadoras e educadores populares, integrantes de movimentos populares e estudantes participaram, do dia 19 ao dia 23 de julho, da décima edição internacional do Fórum de Educação Popular (FREPOP). Tendo o processo de organização autogestionado, o FREPOP deste ano começou a ser preparado desde fevereiro. Na programação, o público participante pode conferir diversas rodas de diálogo, oficinas, apresentações culturais e debates, que aconteceram no campus Recife da Universidade Federal de Pernambuco.
O evento, inspirado no Fórum Social Mundial, é organizado por educadoras e educadores populares em torno da ONG FREPOP e aconteceu durante os anos de 2002 e 2013 anualmente em São Paulo. A partir de 2014 o Fórum tornou-se itinerante e esse ano chegou ao Recife, com o tema “Educação Popular: democracia e os desafios das lutas sociais na construção da sociedade que queremos”.
Na oficina que aconteceu na tarde da quinta-feira, intitulada “A conjuntura atual e o papel do jornal Brasil de Fato na unidade da classe trabalhadora”, Jaime Amorim, da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), fez uma análise de conjuntura, na qual abordou os principais aspectos do golpe contra a democracia brasileira atual. Ele afirma que este é um momento difícil, de retrocessos das conquistas da classe trabalhadora, mas de fortalecimento da unidade da esquerda. “A hora é de refletir sobre qual Brasil a gente quer. A classe trabalhadora tem um projeto de país e precisamos construir organicamente essa alternativa”, pontuou.
Na mesma atividade, a secretária nacional de juventude da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Edjane Rodrigues, afirma que a Central é referência no campo da resistência contra o golpe e que a juventude tem assumido o protagonismo nesse processo. “Esse golpe é contra o direito da classe trabalhadora. E precisamos ter o compromisso de continuar nas ruas”, ressalta. A sindicalista também pontuou que no cenário em que estamos a democratização da mídia é algo fundamental e urgente.
Duas tendas temáticas foram montadas. A Tenda Paulo Freire homenageou Dacilene Simões e que teve a educação como eixo principal das discussões e atividades. A Tenda da Memória homenageou o professor João Francisco e teve diversas rodas de diálogo sobre a memória de povos tradicionais. As crianças também participaram ativamente, através das atividades do FREPOPINHO. Elas puderam fazer oficinas de yoga, percussão, dança e cordel.
No Acampamento da Juventude, mais de 200 jovens passaram pelo espaço . Rodrigo Silva, integrante da Pastoral da Juventude Rural (PJR), esteve no Acampamento e afirma que este foi um espaço não só para alojamentos dos jovens, mas também para a formação política e para o empoderamento da juventude. “Foi um espaço muito interessante, porque eu consegui ter propriedade de vários assuntos que ainda não tinha tido acesso e entender como funciona esse processo augestionário”, comenta.
Na tarde da sexta-feira, aconteceu o Fórum dos Direitos Humanos pela Democracia, organizado pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. O ex-deputado Renato Simões, integrante da Comissão de Direitos Humanos, afirma que o objetivo do Fórum é denunciar o golpe e o risco da sua consolidação para os Direitos Humanos. “Visa articular a resistência democrática junto aos movimentos de Direito Humanos e sociais”, observa.
Ao final do encontro, o Padre João, deputado federal pelo PT\MG um dos integrantes da mesa, fez um balanço da discussão, pontuando que é preciso intensificar a luta contra o golpe nas ruas e quais os próximos passos das pessoas ligadas aos Direitos Humanos em cada região. “É preciso levar a questão da homofobia e da transfobia, por exemplo, para os candidatos a vereados e prefeitos. As pautas das mulheres também precisam se abordadas, bem como a questão do racismo e do extermínio da juventude negra. Nenhum direito a menos”, conclui.

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