Discurso

'É possível combater a corrupção sem quebrar empresas', diz Lula

Ex-presidente afirmou também que ações vinculadas à Operação Lava Jato estão prejudicando a economia do país e o emprego

São Paulo |
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursou para um público com presença significativa de jovens
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursou para um público com presença significativa de jovens - Heinrich Aikawa/ Instituto Lula

Na última terça-feira (2), após encontro com lideranças da Frente Brasil Popular em Natal (RN), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursou para um público com presença significativa de jovens. Indiretamente, ele lembrou que a série de ações vinculadas à Operação Lava Jato está prejudicando a economia do país e o emprego. Ele fez referência à importância da Petrobras e do pré-sal como instrumentos de financiamento da educação. O ex-presidente se referiu ao governo interino de Michel Temer dizendo que "eles sabem que estão cometendo um ato de ilegalidade, porque a maneira mais fácil de chegar ao governo é dando um golpe".

"Nós transformamos a Petrobras na segunda maior empresa de petróleo do mundo. Descobrimos o pré-sal, a maior descoberta do século 21, e propusemos que o dinheiro fosse para investir na educação. Para que um dia a gente seja exportador de conhecimento e não de mão de obra barata. A elite brasileira nunca se importou que os pobres estudassem. Para eles, os pobres eram instrumento de trabalho", afirmou.

Com menos de três meses, o governo Temer já começou a operação de desmonte e venda de ativos da Petrobras.

"É possível combater a corrupção sem quebrar as empresas? É possível que a gente investigue a corrupção sem gerar desemprego?”, questionou Lula. “Eu acho que é.”

Num momento em que a agenda internacional do país vive uma guinada e o chanceler interino, o tucano José Serra, trabalha para inverter prioridades e estabelecer uma agenda próxima aos interesses dos Estados Unidos, Lula lembrou que, quando presidente, sua interlocução com os norte-americanos era no sentido de manter a independência. "Não esqueço de quando o Bush me chamou para conversar. Ele queria fazer guerra contra o Iraque e respondi: a minha guerra é contra a fome.”

Ainda dirigindo-se ao público jovem, o ex-presidente disse que é preciso participar da política. “Vocês não podem desanimar nunca da política. Tudo o que a direita quer é que vocês odeiem a política." Apesar da crise e do afastamento de Dilma Rousseff da presidência da República, ele disse que “o momento que estamos passando não me desanima, me anima mais".

Lula ironizou as avaliações segundo as quais ele estaria sendo alvo de perseguição do Judiciário e do Ministério Público Federal por setores que querem vê-lo fora do páreo nas próximas eleições presidenciais. "Não tenham medo do Lula, o Lula já tem 70 anos. Tenham medo dessa meninada que está surgindo agora", disse.

Mais cedo, em entrevista ao jornal Tribuna do Norte, de Natal, afirmou que só será candidato em uma situação: “2018 ainda está longe e não há nada decidido. Só serei candidato se forem concretizadas as ameaças às conquistas sociais destes últimos 14 anos e as forças democráticas e progressistas entenderem que não há outro nome em melhores condições”.

Lula está em viagem ao Nordeste do país. Ontem (1°), em Fortaleza, ele teve um encontro com o governador do Ceará, Camilo Santana (PT), e com Ciro Gomes, que foi seu ministro da Integração Nacional no primeiro mandato, e Cid Gomes. Ambos são ex-governadores e têm grande influência política no estado. Em Fortaleza, Lula participou do lançamento da candidatura da deputada federal Luizianne Lins (PT) à prefeitura.

Edição: ---