Jogos

"Calamidade Olímpica" é tema de ato que une três frentes de esquerda, em Copacabana

Manifestação tem como alvos Temer, retirada de direitos e situação da capital fluminense

São Paulo (SP) e Rio de Janeiro (RJ) |
Concentração do ato ocorreu em frente ao Copacabana Palace
Concentração do ato ocorreu em frente ao Copacabana Palace - Mídia NINJA / Adriano Choque

No mesmo dia em que ocorre a cerimônia de abertura das Olimpíadas, diversas organizações da esquerda brasileira realizam um protesto no Rio de Janeiro. Convocado por três frentes: Brasil Popular, Povo sem Medo e de Esquerda Socialista.

O ato foi iniciado às 11h desta sexta-feira (5), em frente ao Copacabana Palace, e, no início da tarde, mais de 30 mil pessoas participavam do protesto, segundo os organizadores. A PM não informou estimativas.

A manifestação critica três questões: o governo Temer, o processo de retirada de direitos e a “Calamidade Olímpica”. 

“Há um golpe institucional e parlamentar acontecendo no país e nós temos que quebrar a barreira da mídia brasileira, que não diz nada a respeito. O tão falado legado das Olimpíadas não é um legado para a maioria do povo carioca. O legado que os trabalhadores estão recebendo se chama despejo. Daqui até o final dos jogos, o clima será de mobilização popular", discursou Guilherme Boulos, coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), que faz parte da Frente Povo sem Medo.

“O presidente ilegítimo Michel Temer tem realizado um pacote absurdo de retiradas de direitos, cortes de gastos públicos, mudanças na aposentadoria e na legislação trabalhista. O Rio de Janeiro vive uma verdadeira Calamidade Olímpica. Obras absurdas feitas por empreiteiras como as da Vila Olímpica. Caos na educação e na saúde pública, intencionalmente ignoradas pela imprensa. Mais violência contra a população, com Exército e Força Nacional nas ruas. E a especulação imobiliária, que produz aumento dos aluguéis e remoções contra os mais pobres”, diz manifesto que convocou o protesto.

A manifestação tem como destino final o Posto Seis de Copacabana, e o horário previsto de término é às 16h.

Repressão

Sob a justificativa dos jogos, está presente na capital fluminense um contigente inédito de membros da polícia e das Forças Armadas. Além disso, manifestações políticas estão proibidas no interior e nas proximidades dos ginásios esportivos.

"Queria dar um recado ao Alexandre de Moraes [ministro da Justiça]: não nos intimidarão. Não vamos deixar de fazer mobilizações nas Olimpíadas por ameaças, por quererem nos enquadrar na Lei Antiterrorismo", afirmou Boulos durante a coletiva de imprensa realizada na quinta (4).

Crítica

A relação entre a situação política brasileira e a realização dos jogos era uma das tônicas do protesto. “Tiraram a nossa democracia na mão grande. Temos de ir às ruas todos os dias. Essas Olimpíadas não representam o povo brasileiro. As minhas 'Olimpíadas', começaram em 2002, quando as políticas públicas começaram a acontecer, a democratização da saúde e da educação começou a ser efetiva. Foi neste contexto que a Olimpíada no Brasil, mas não é nesse contexto que ela está ocorrendo, mas sim em meio a um golpe”, aponta Talita Matos, educadora que participa da manifestação.

No momento em que a atenção internacional se volta ao Brasil por conta do evento esportivo, a manifestação aproveita para denunciar o processo de impeachment instaurado contra a presidenta Dilma Rousseff (PT).

“Nós estamos vivendo um momento decisivo na História do Brasil no qual tentam consumar o golpe. Aqui está a resistência do povo, mostrando que moralmente seguiremos na luta, não aceitaremos o conjunto de medidas neoliberais que vem no bojo desse processo. Estamos vivendo um momento paradoxal, quem acompanha percebe que se trata de uma farsa, no entanto, a grande mídia encobre isso”, explica Ricardo Gebrim, coordenador nacional da Consulta Popular, que compõe a Frente Brasil Popular.

“Estamos na luta contra Temer, mas também contra os megaeventos. Nós sabemos que as Olimpíadas fazem parte de um grande projeto do capital, que trás remoções de comunidades, impactos na vida das pessoas. A gente quer dizer que a gente não faz parte desse projeto. A gente é favor dos jogos, mas não dos jogos excludentes, que fortalecem o processo de um governo ilegítimo. Lutaremos até o final contra esse governo golpista”, complementa Nivia Regina, da direção estadual (RJ) do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Edição: Camila Rodrigues da Silva

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