Mostrar Menu
Brasil de Fato
ENGLISH
Ouça a Rádio BdF
  • Apoie
  • TV BdF
  • RÁDIO BRASIL DE FATO
    • Radioagência
    • Podcasts
    • Seja Parceiro
    • Programação
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
  • I
  • Política
  • Internacional
  • Direitos
  • Bem viver
  • Opinião
  • DOC BDF
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Mostrar Menu
Brasil de Fato
  • Apoie
  • TV BDF
  • RÁDIO BRASIL DE FATO
    • Radioagência
    • Podcasts
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
Mostrar Menu
Ouça a Rádio BdF
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Brasil de Fato
Início Opinião

Opinião

Èku abó: por um xirê inter-religioso

Sintonizar na gramática afrocentrada o diálogo inter-religioso é tanto um convite como um imperativo de justiça

08.ago.2016 às 09h56
Atualizado em 01.fev.2020 às 18h36
Curitiba (PR)
Thiago Hoshino
Nas Olimpíadas do Rio de Janeiro, para que o diálogo se torne realmente igualitário e potente será preciso dar um passo atrás e deslocar os quadros ocidentais de pensamento que distinguem religiões “modernas” de “primitivas”

Nas Olimpíadas do Rio de Janeiro, para que o diálogo se torne realmente igualitário e potente será preciso dar um passo atrás e deslocar os quadros ocidentais de pensamento que distinguem religiões “modernas” de “primitivas” - Nas Olimpíadas do Rio de Janeiro, para que o diálogo se torne realmente igualitário e potente será preciso dar um passo atrás e deslocar os quadros ocidentais de pensamento que distinguem religiões “modernas” de “primitivas”

Dias antes da abertura das Olimpíadas, já a disputa se desenrolava, fora das quadras. Depois de uma maratona de notas e recomendações (das Defensorias Públicas, do Ministério Público Federal e do Conselho Nacional de Direitos Humanos), a controvérsia sobre a inclusão das religiões afro-brasileiras no centro ecumênico que deverá atender a milhares de pessoas ao longo do evento parece ter chegado ao fim. 

O Comitê Organizador Rio 2016 teria se comprometido a garantir que, ao lado das cinco inicialmente previstas – cristianismo, islamismo, judaísmo, hinduísmo e budismo –, também as religiões de matriz africana possam ser contempladas. Ao que consta, a escolha primeira acompanhou o ranking das crenças entre os atletas. Todavia, mesmo sendo “bem-vindas”, para as demais não haverá espaços próprios nem sacerdotes(isas) permanentes, o que dependerá de expresso pedido de algum dos participantes. O quanto estarão, de fato, os deuses olímpicos dispostos a recepcionar os orixás, voduns, inquices, caboclos, pretos-velhos e encantados, ainda é uma incógnita.

Vale lembrar que, durante os preparativos para a Copa do Mundo de 2014, embate muito parecido foi travado pelas baianas de acarajé, impedidas de exercer seu ofício – diga-se de passagem, intimamente associado ao culto de Iansã – nos arredores dos locais oficiais. Em ambas as oportunidades, foram as vozes do povo-de-santo e do movimento negro que denunciaram e trouxeram para a mesa de negociação os organizadores dos jogos. Mas o jogo de poder nem sempre respeitou o fair play.

Para além do que estes dois episódios revelam sobre as tensões que atravessam mega-eventos dessa natureza, cabe uma reflexão mais abrangente quanto ao teor e à profundidade do pluralismo a que se propõem. Se a noção de oikouméne reporta-se, na sua origem grega, à “terra habitada” ou ao “mundo habitado”, o que está em jogo, aqui, é precisamente o (não) lugar das diversas tradições espirituais africanas e afro-diaspóricas no espectro contemporâneo do ecumenismo. 

Embora não reste dúvida de que a prática e o discurso ecumênicos tenham, hoje, extrapolado as fronteiras do universo cristão – no que se convencionou chamar de diálogo inter-religioso – também é verdade que tais experiências costumam reproduzir hierarquias geopolíticas, sobretudo quando pautadas pelo velho conceito-fetiche de “religiões mundiais”. Num contexto de globalização, difícil saber qual religiosidade não tem ao menos uma faceta “mundializada”. E num ambiente que se quer diverso, ou pelo menos horizontal, a quantidade de adeptos desta ou daquela fé não se mostra razoável como critério para diferenciá-las no que toca à legitimidade de seus líderes ou às condições para a sua manifestação. Nisso, a lógica majoritária que presidiu à opção do Comitê Rio 2016 é repetida, frequentemente, nas decisões do estado, esquecendo-se que democracia significa, fundamentalmente, a proteção das “minorias” (a despeito das ressalvas com o termo).

Para que este diálogo se torne realmente igualitário e potente será preciso dar um passo atrás e deslocar os quadros ocidentais de pensamento que distinguem religiões “históricas” de “mitológicas”, “escritas” de “orais”, “modernas” de “primitivas”. Este tipo de subalternização evidencia a colonialidade inscrita também na ciência e na teologia, que, não raro, rechaçam como conhecimento “popular” tudo que as conteste ou ultrapasse. 

Será preciso, portanto, romper com as hegemonias enraizadas no imaginário social e nas instituições para retomar a conversa em novos termos, superando o monopólio e o “centralismo” da fala. No balaio da diversidade epistemológica do mundo, nem há joio, nem há trigo, o que existe é uma ecologia de saberes. Ecologia, aliás, que os povos de terreiro bem souberam cultivar na diáspora, repactuando sua cosmopolítica entre as várias culturas, etnias e ancestralidades que atravessaram o Atlântico Negro. 

O xirê, a roda das múltiplas divindades a alternarem-se ritmadamente, é a síntese em sincronia (syn+kronos, juntar os tempos, reunir num só tempo-espaço) desse processo. Èku abó: bem-vindas(os) à gira. Sintonizar nessa gramática afrocentrada o diálogo inter-religioso é tanto um convite como um imperativo de justiça. Por menos clichês e mais xirês.

*José Marmo Silva é ogan e coordenador da Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde – RENAFRO.

*Thiago Hoshino é pesquisador, membro da Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde – RENAFRO e do Fórum Paranaense das Religiões de Matriz Africana – FPRMA.

Editado por: Redação
loader
BdF Newsletter
Escolha as listas que deseja assinar*
BdF Editorial: Resumo semanal de notícias com viés editorial.
Ponto: Análises do Instituto Front, toda sexta.
WHIB: Notícias do Brasil em inglês, com visão popular.
Li e concordo com os termos de uso e política de privacidade.

Veja mais

ARTIGO

Aqui fala uma mãe: não tirem nosso diretor

eleições regionais

Venezuelanos vão às urnas neste domingo (25) em disputa entre projeto chavista e avanço da direita

ARTIGO

O colapso do orçamento da educação e a urgência de romper o ciclo da austeridade

GUERRA

Rússia realiza maior ataque aéreo contra Ucrânia em meio a negociações para acordo de paz

Artigo

Como Daniel Noboa venceu no Equador e o que esperar do seu novo mandato

  • Quem Somos
  • Publicidade
  • Contato
  • Newsletters
  • Política de Privacidade
  • Política
  • Internacional
  • Direitos
  • Bem viver
  • Socioambiental
  • Opinião
  • Bahia
  • Ceará
  • Distrito Federal
  • Minas Gerais
  • Paraíba
  • Paraná
  • Pernambuco
  • Rio de Janeiro
  • Rio Grande do Sul

Todos os conteúdos de produção exclusiva e de autoria editorial do Brasil de Fato podem ser reproduzidos, desde que não sejam alterados e que se deem os devidos créditos.

Nenhum resultado
Ver todos os resultados
  • Apoie
  • TV BDF
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
  • Rádio Brasil De Fato
    • Radioagência
    • Podcasts
    • Seja Parceiro
    • Programação
  • Política
    • Eleições
  • Internacional
  • Direitos
    • Direitos Humanos
    • Mobilizações
  • Bem viver
    • Agroecologia
    • Cultura
  • Opinião
  • DOC BDF
  • Brasil
  • Cidades
  • Economia
  • Editorial
  • Educação
  • Entrevista
  • Especial
  • Esportes
  • Geral
  • Meio Ambiente
  • Privatização
  • Saúde
  • Segurança Pública
  • Socioambiental
  • Transporte
  • Correspondentes
    • Sahel
    • EUA
    • Venezuela
  • English
    • Brazil
    • BRICS
    • Climate
    • Culture
    • Interviews
    • Opinion
    • Politics
    • Struggles

Todos os conteúdos de produção exclusiva e de autoria editorial do Brasil de Fato podem ser reproduzidos, desde que não sejam alterados e que se deem os devidos créditos.