Governo interino

Ministro da Saúde é alvo de protesto de servidores do SUS no Recife

Ricardo Barros participou de encontro com empresários e políticos pernambucanos

Recife (PE) |
Dezenas de manifestantes protestaram em frente ao empresarial onde o ministro palestrou
Dezenas de manifestantes protestaram em frente ao empresarial onde o ministro palestrou - Vinícius Sobreira/Brasil de Fato

Em visita ao Recife, o ministro interino Ricardo Barros foi alvo de protesto na manhã desta segunda-feira (15). O engenheiro está na capital pernambucana para um encontro com o Grupo de Líderes Empresariais (Lide) de Pernambuco, mas foi recebido com vaias e críticas de servidores do Sistema Único de Saúde (SUS), que realizaram ato em frente ao MV Empresarial, onde o ministro encontrou com empresários e lideranças políticas do estado.

No portão do empresarial dezenas de manifestantes de 20 entidades e sindicatos criticavam as medidas de redução do sistema público de Saúde anunciada por Barros, que tem formação em engenharia. Há um mês Ricardo Barros anunciou a proposta de criar planos de saúde populares em parceria com as empresas do ramo. A medida não agradou nada os servidores e defensores da saúde pública. "Não queremos planos populares, queremos mais verba para o SUS, mais saúde pública de qualidade", reclamou Fernanda Tavares, do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (CEBES). "Isso que ele está fazendo é contra a Constituição. Ele não está olhando para o Brasil, mas para o próprio bolso dele", completou. o ato foi organizado pelo Comitê Saúde da Frente Brasil Popular

Ricardo Barros foi eleito deputado federal em 2014 pelo estado do Paraná. Grande parte das "doações" empresariais para a sua campanha veio de empresas e empresários de planos de saúde. A professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e militante da Consulta Popular Lívia Méllo associou o financiamento de campanhas à postura que o ministro interino desde que assumiu a pasta, em maio. "Quem financiou a campanha de Ricardo Barros foram os planos de saúde, os mesmos que ele agora quer agradar. Destruindo o SUS, ele aumenta a arrecadação desses empresários com quem ele se reúne hoje", afirmou.

Muitas críticas apontavam para o fato de o ministro priorizar o diálogo com empresários em vez de abrir diálogo com a população ou com os servidores da saúde. Chamado de "sinistro da saúde", Barros foi acusado de querer "vender os direitos do povo". Paula Cruz, integrante do Comitê pela Democracia da Universidade de Pernambuco lembrou que "ele é ministro da saúde pública, não do mercado que lucra com as doenças do povo. É com o povo que ele deveria dialogar", opinou. Durante a manhã algumas figuras da política pernambucana cruzaram o estacionamento do empresarial para encontrar o ministro, sendo alvo de vaias da militância que esteve no portão. Uma delas foi o deputado estadual e pastor evangélico Cleiton Collins, candidato do PP à prefeitura de Jaboatão dos Guararapes.

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