São Paulo

Funcionários da Coaf alegam coerção para citar políticos em CPI da merenda

Em depoimento dado nesta terça-feira, dois envolvidos no esquema afirmaram sofrer ameaças para citar tucanos

São Paulo (SP) |
Fachada da Assembleia Legislativa de São Paulo
Fachada da Assembleia Legislativa de São Paulo - Reprodução

Funcionários da Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf) prestaram depoimento à CPI da Merenda na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) nesta terça-feira (16) e afirmaram que, em seus depoimentos na Polícia Civil de Bebedouro, teriam sido "coagidos" e "ameaçados" por delegados e promotores a envolver os nomes de políticos no esquema de desvio de recursos da alimentação escolar do Estado.

"Os delegados fizeram pressão para que eu falasse dos deputados", disse Carlos Luciano Lopes, ex-vendedor da Coaf, preso no dia 19 de janeiro. "No momento em que o doutor João Vitor (Silvério) e o doutor Paulo (Montelli) foram na cozinha do 1º DP (Bebedouro), deixaram claro que não me queriam, mas que queriam ouvir os grandes, que era para falar do Capez, do Baleia, do Marquezelli, entre outros", completou.

Carlos Luciano Lopes, que apareceu em uma foto cercado de dinheiro, afirmou que as notas não vinham de propina. “Era um dia de pagamento de funcionários, na sala da cooperativa”, justificou.

Também foi ouvido o ex-vice-presidente da cooperativa, Carlos da Silva, que afirmou que os nomes de deputados eram citados com frequência nas negociações. 

Ele se queixou da conduta da polícia e dos promotores durante a investigação. “Eu fui ameaçado. Assinava ou ficava preso”, disse, referindo-se ao depoimento que prestou em janeiro, no qual citou propina a políticos paulistas.  

O promotor Herbert Oliveira, que investigou por quase um ano o esquema montado pela Coaf, também foi ouvido. “Muita prova veio aos autos, uma quantidade infindável de documentos”, afirmou.

Após ser questionado pelo deputado Barro Munhoz (PSDB) sobre a coação de testemunhas e os vazamentos para a imprensa, sob a alegação de que seria uma ação política, o promotor negou.

As declarações dos depoentes dividiram opiniões. Enquanto os governistas acreditam em uma ação para desmoralizar os políticos tucanos, a oposição acredita em um trabalho para desqualificar a investigação feita pela polícia e pelo Ministério Público.

 

 

Edição: Camila Rodrigues da Silva

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