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Editorial

Um novo tempo de lutas

Abre-se um longo caminho na luta por direitos constitucionais conquistados desde 1980, que o golpe busca enterrar

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A repressão contra as manifestações logo após a votação no Senado em diversas cidades no Brasil, com ênfase em São Paulo, já mostra que o conflito social vai aumentar daqui para frente
A repressão contra as manifestações logo após a votação no Senado em diversas cidades no Brasil, com ênfase em São Paulo, já mostra que o conflito social vai aumentar daqui para frente - Vitor Teixeira

O afastamento definitivo de Dilma Rousseff da Presidência da República significa a quebra da decisão tomada por 54 milhões de brasileiros nas eleições de 2014. Um golpe que, assim como uma eleição indireta, leva ao poder o PMDB de Michel Temer, o PDSB de José Serra. A articulação golpista conta com apoio decisivo dos Estados Unidos, de setores atrasados do Congresso Nacional, do Judiciário, Ministério Público, Polícia Federal, Tribunal de Contas e entidades empresariais. Assim como no golpe de 1964, diversos órgãos de mídia são coniventes com a ilegalidade e constroem uma aparência de normalidade do funcionamento das instituições.  

O governo Temer tenta agora esconder seu caráter golpista e a falta de apoio na sociedade. Mas as mobilizações aumentam e demonstram que o governo ilegítimo não terá sossego. Jovens foram às ruas, convocados via redes sociais, já no dia da votação no Senado - dia 31 de agosto. Para essa geração, abre-se um longo caminho na luta por direitos constitucionais conquistados desde os anos 1980, que o golpe busca enterrar. Ao mesmo tempo, essa juventude luta por mais serviço público, mais direitos, por um outro projeto de país.  

E é justamente por isso que os golpistas se articulam para legitimar uma violenta repressão contra os movimentos populares, estudantis e todos os trabalhadores que lutam em defesa da democracia. Em seu ministério, Temer formou um trio da repressão, com Alexandre Moraes na Justiça, Raul Jungmann na Defesa e Sérgio Etchgoyen no novo Serviço Nacional de Informações (SNI/ABIN).  

A repressão contra as manifestações logo após a votação no Senado em diversas cidades no Brasil, com ênfase em São Paulo, já mostra que o conflito social vai aumentar daqui para frente. O golpe à democracia já foi dado. E sua reversão somente poderá se dar devolvendo ao povo brasileiro a soberania do seu voto, uma reforma política com Constituinte para que o povo de fato participe da política. Apesar dos perigos, como diz a canção de Ivan Lins, é um novo tempo para a emergência do movimento popular brasileiro 

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