Entre os dias 13 e 18 de setembro, a Venezuela sediou a 17 ª Cúpula dos Movimentos de Países não Alinhados (MNOAL). O Movimento se estabeleceu oficialmente na Conferência de Belgrado, em 1961, e desde então é o segundo organismo mundial em número de países participes, depois da ONU. Criado em contextos de Guerra Fria, atualmente o organismo é formado por 120 nações da África, América Latina, Ásia e Europa Oriental, alem de movimentos de libertação nacional. O objetivo é a preservação da paz e o fortalecimento de políticas de segurança internacional fundamentadas na solidariedade e integração dos povos.
Nesta edição, o evento levou o lema “Unidos pelo caminho da paz”. O lugar escolhido foi a Ilha Margarita, um das regiões mais anti-chavista da Venezuela. Com um alto operativo de segurança, a ilha recebeu mandatários e representes de todo o mundo, entre eles o presidente da Bolívia, Evo Morales; do Equador, Rafael Correa; de Cuba, Raúl Castro; da Palestina, Mahmud Abás; de El Salvador, Salvador Sánchez Cerén; o vice-primeiro ministro do Qatar, Ahmad bin Abdala Al Mahmud, e do Vietnam, Vu Van Ninh.
Durante o encontro, o Irã deixou a presidência e a Venezuela foi a indicada para assumir a condução do organismo até 2019, convertendo-se no terceiro país latino-americano a liderar o MNOAL, após Cuba e Colômbia.
Maduro prometeu “que o mandato será usado com firmeza e lealdade para defender os povos”. Além de felicitar a gestão de Irã, o mandatário venezuelano falou que terá prioridade a causa do povo palestino. “Não podemos nos acostumar ao que acontece na Palestina, como se fosse algo normal”, advertiu. E insistiu na necessidade de assumir novas medidas para resguardar aos “nossos irmãos refugiados”, vitimas do terrorismo e do “bombardeio imperialista”.
Assim como outros representantes, ele tornou público o seu apoio a luta contra o bloqueio norte-americano da Cuba e denunciou o dano ocasionado por mais de cinco décadas de embargo. Também mencionou a contraofensiva global da direita, sinalizando preocupação recente com os ataques na Venezuela e no Brasil, e afirmou que será feito todo o possível para que seja respeitada a democracia brasileira.
A juventude também fez parte da Cúpula
Alem de representantes dos estados membros e observadores, a Ilha recebeu mais de 10 mil jovens de todo o mundo. Jeandro Alves da Silva, militante do MST de Santa Maria da Boa Vista (PB) e estudante de medicina na escola ELA na Venezuela, foi convidado a representar a comunidade estudantil no MNOAL. Em entrevista ao Brasil de Fato, Jeandro contou que junto a companheiros e companheiras do Chile, Palestina e Colômbia, pode participar de mesas de trabalho, debatendo ideais, socializando as experiências e realizando comparações entre as realidades dos diferentes países.
“Apesar de a Venezuela estar atravessando uma crise muito brutal, é um país que continua garantindo direitos como a educação, que muitas vezes nos nossos países nos são negados. Então estamos aqui, adquirindo experiências e convivendo a Revolução [Bolivariana], que é de grande importância para nossa formação não só como médicos, mas também como médicos politizados”, disse o militante.
Segundo Jeandro, a participação desta 17ª Cúpula dos Movimentos de Países não Alinhados, permite dar uma visão mais ampla dos processos local, regional e mundial, fortalecendo as lutas e resistências. “Nós queremos que os filhos de agricultores, que a classe trabalhadora e que os movimentos sociais tenham a capacidade de luta para barrar esses golpistas, que destrói nosso país, a nossa America Latina, e o mundo”, encerrou Jeandro.
Edição: José Eduardo Bernardes
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