"Controle"

Cimi acredita que demissão na Funai é intervenção política

Dispensa de Artur Nobre Mendes ocorreu após ele divulgar nota criticando o comitê organizador dos Jogos Paralímpicos

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Cimi afirma que infanticídio não é prática da cultura indígena, conforme afirmou o comitê organizador dos jogos
Cimi afirma que infanticídio não é prática da cultura indígena, conforme afirmou o comitê organizador dos jogos - Marcelo Camargo/Agência Brasil

O secretário executivo do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Cleber Buzatto, disse na última quarta-feira (21) à Rádio Brasil Atual que a demissão de Artur Nobre Mendes da presidência da Funai, ontem, foi uma prática política do Ministério da Justiça (MJ). "O ministério interveio na Funai para colocar alguém de confiança do ministro Alexandre de Moraes. É uma tentativa de controle político por parte das forças que tomaram o poder no Executivo". Agostinho do Nascimento Netto, que era assessor especial do MJ, foi designado ao cargo.

"Essa intervenção se destaca porque o Artur já era um substituto. A nova substituição também tem caráter substitutivo, ou seja, é uma intervenção política, uma vez que o governo não nomeou alguém oficialmente", afirmou.

A demissão de Artur ocorreu depois de a Funai divulgar nota oficial na qual repudiava afirmação "preconceituosa e ofensiva" do comitê organizador dos Jogos Paralímpicos Rio 2016. O documento protestava contra os organizadores por terem mencionado que a jovem indígena Iganani Suruwaha, portadora de paralisia cerebral, que carregou a tocha, foi obrigada a fugir da aldeia para evitar infanticídio indígena.

"Houve uma afirmação do comitê referente às práticas, que, segundo eles, são culturais dos povos indígenas, mas são acusações preconceituosas atacando os povos indígenas do Brasil. A questão do infanticídio, quando ocorre, não é algo cultural. As práticas do infanticídio são feitas por pessoas que não são indígenas", destacou Buzatto.

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