Coluna

Radar da Luta | O centro do jogo e a dificuldade da esquerda

A esquerda não tem conseguido uma crítica forte a temas como ajuste fiscal, corrupção, orçamento e dívida pública

Curitiba |
Esse cenário impacta também os sindicatos, que seguem se mobilizando em greves econômicas ou no cenário contra as demissões, mas as direções encontram grande dificuldade em traduzir o cenário político de golpe para suas bases
Esse cenário impacta também os sindicatos, que seguem se mobilizando em greves econômicas ou no cenário contra as demissões, mas as direções encontram grande dificuldade em traduzir o cenário político de golpe para suas bases - Arte: Vanda Moraes

No futebol, no xadrez e na política também, quem domina o meio de campo, ou o centro do tabuleiro, ganha o jogo. Na política, isso se traduz na capacidade de incidência sobre o Estado, na crítica às suas políticas de maneira geral, nas suas diferentes esferas, pautando debates que não sejam apenas econômicos ou específicos.

Neste momento de eleições, há uma dificuldade em comum na esquerda neste momento – o que não diferencia PT e Psol. As candidaturas populares conseguem transitar bem nos temas setoriais (saúde, educação etc), o que se verifica nas campanhas, pela capacidade de inserção da militância nos movimentos e nos fóruns desses temas.

Porém, a esquerda não tem conseguido uma crítica forte sobre temas que dominam o imaginário da classe média, e também incidem sobre parte dos trabalhadores: ajuste fiscal, orçamento e dívida pública, corrupção, Lava Jato. Há dificuldade em produzir sínteses sobre essas questões que são políticas e centrais na atualidade.  

Esse cenário impacta também os sindicatos, que seguem se mobilizando em greves econômicas ou no cenário contra as demissões, mas as direções encontram grande dificuldade em traduzir o cenário político de golpe para suas bases. Um dos principais desafios do primeiro ensaio para a greve geral, organizado no dia 22 de setembro, foi esse. Afinal, a construção da greve geral é um debate político, de crítica a um governo ilegítimo que apresenta uma pauta de redução de direitos sociais e trabalhistas.

Trabalhadores do polo naval realizam greve no RS

Entre as diversas categorias que paralisaram no dia 22 de setembro por nenhum direito a menos – bancários, professores, petroleiros entre outras -, uma em especial chamou a atenção. Os trabalhadores da Engevix, localizada no polo naval de Rio Grande (RS) iniciaram greve ainda no dia 21 e mantinham ainda no dia 26 de setembro. O motivo é o atraso no pagamento salários (Fonte: Federação dos Metalúrgicos do RS).

IPEA produz subsídio para entender a PEC 241 e o ataque à saúde

A Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 241/2016 gerou reações entre as organizações populares porque limita, por 20 anos, o aumento dos gastos públicos à taxa de inflação do ano anterior. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) produziu um estudo aprofundado para explicar os impactos da medida no Sistema Único de Saúde (SUS) e no financiamento da saúde. Uma das críticas à PEC é de que em um cenário de crescimento a proposta impediria a expansão de bens e serviços da saúde. O estudo de 25 páginas denuncia que a medida se apresenta justo no início de um processo de envelhecimento da população brasileira.

TV Floripa: TV dos trabalhadores em foco

O Seminário “TV Floripa em Foco” aconteceu em Florianópolis, em setembro, realizado pelo Comitê da Democratização da Comunicação de Santa Catarina. Contou com a participação de lideranças do movimento social e sindical do estado para debater os rumos dessa TV comunitária. O debate do encontro aconteceu sobre a relação entre o veículo e os trabalhadores. O repórter da Record e sócio fundador do blog Viomundo, Luiz Carlos Azenha, participou ao lado de representante da TVT – uma das primeiras experiências de TV com a análise do movimento sindical (Fonte: FNDC).

 

 

Edição: Ednubia Ghisi