Coluna

Radar da Luta | Mais primaveras

É preciso que o centro esteja na unidade das organizações de esquerda

Curitiba |
A esquerda não pode mais seguir em disputas estéreis que tantas vezes marcaram sua trajetória nesses anos recentes
A esquerda não pode mais seguir em disputas estéreis que tantas vezes marcaram sua trajetória nesses anos recentes - Arte: Vanda Moraes

Quando morei no México, me recordo que havia uma expressão interessante entre a esquerda: “espelhismo”, para se referir a quando uma organização política superestima sua força. Sem perceber, com isso ela se engessa, perde referência social e se isola. No Brasil, passado o golpe e as eleições municipais, marcadas pela derrota da esquerda, não parece caber nem a recusa de um balanço crítico, e tampouco a autodeclaração como referência de um novo momento político por parte dos diferentes partidos da esquerda. O momento é de balanço coletivo e profundo.

O formato dos partidos de esquerda segue em aberto, embora o debate já seja quente em documentos e avaliações. Porém, a entrada dos trabalhadores em cena segue sendo a questão urgente. Ações como a dos estudantes secundaristas contra a MP 746 do ensino médio são fundamentais e fortalecem o movimento contra as propostas de um ilegítimo governo Temer. Antes disso, a paralisação nacional de metalúrgicos também apresentou alguns primeiros sinais importantes. 

A esquerda não pode mais seguir em disputas estéreis que tantas vezes marcaram sua trajetória nesses anos recentes. Da fragilidade de meios de comunicação, passando pela ausência do trabalho de base e formativo, o balanço pós-eleições aponta uma desconexão da esquerda e o povo nos centros urbanos, entre sindicatos, centrais e os trabalhadores, algo potencializado nesses dois anos de sangramento do golpe. Para dar alcance a esses desafios, é preciso que o centro esteja na unidade das organizações de esquerda. E no incentivo e apoio às lutas que devem surgir.

Solidariedade à greve dos bancários em Pernambuco

Movimentos populares uniram-se aos bancários em ato de repúdio à tentativa da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB – seção Pernambuco) de desmontar a greve dos trabalhadores. A entidade chegou a pedir a prisão da presidenta do sindicato dos bancários, além de multa diária à entidade. Mais de 30 organizações e sindicatos marcaram presença na mobilização em frente à sede local da Ordem. (Informações de Sindicato dos Bancários de Pernambuco) 

Vários estudos apontam os riscos da PEC 241

A Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 241, considerada um dos principais ataques contra a expansão do serviço público, recebeu uma série de análises, entre as quais o estudo de número 161 do Dieese, explicando aspectos como: a redução no investimento em saúde e educação, a partir da desvinculação dos recursos obrigatórios pela Constituição; além de apontar o contexto de aumento de demanda por mais serviços na sociedade brasileira. Servidores municipais denunciam também o risco ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). Confira a nota técnica do DIEESE sobre possíveis efeitos da PEC. 

Uribe volta a assombrar a América Latina

O chamado “Uribismo” prejudicou a Colômbia e a América Latina, enquanto política agressiva, alinhada à Washington, no combate às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Agora, o ex-presidente do país, Álvaro Uribe (presidente entre 2002 e 2010) foi articulador e defensor do “não” à política de paz na Colômbia. O atual senador tem como pontos de defesa que os líderes das Farc não possam disputar cargos na política uma vez na vida civil. Além disso, Uribe pede também prisão de líderes guerrilheiros e indenização financeira da guerrilha, o que é impensável em um processo de migração do conflito armado de décadas para o terreno da política. (Informações de Resumen Latinoamericano).

Edição: Ednubia Ghisi